Nota técnica da Rede de Pesquisa Solidária aponta que, mesmo com atitudes negacionistas por parte do Poder Executivo, a grande maioria da sociedade apoiou a utilização de imunizantes para proteger a população ao longo de 2020. A análise foi feita utilizando postagens relacionadas à vacinação com o intuito de entender o posicionamento das pessoas em relação ao assunto. Apesar da campanha para desacreditar a eficácia dos imunizantes, o número de pessoas que é contra o uso das vacinas é relativamente pequeno, restringindo-se a apoiadores do atual presidente, Jair Bolsonaro.

“Nós nos deparamos com mais de 3 milhões de posts na rede falando sobre a vacina e a vacinação contra a covid-19; então, no ano em que ainda não tínhamos aprovado imunizantes, a população já estava altamente engajada em discutir esse assunto”, contou ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição Lorena Barberia, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e uma das responsáveis pela nota técnica.

Realizado em 17 cidades distribuídas pelo Brasil, o estudo levou em consideração postagens sobre o tópico feitas desde 2020. O levantamento foi realizado em duas partes, a primeira sendo feita em relação ao posicionamento da população e a seguinte em torno da posição de políticos que ocupam ou buscam ocupar cargos no nível municipal.

Engajamento

Para Isabel Seelaender, mestranda do Departamento de Ciência Política da FFLCH e membro responsável pela nota da Rede de Pesquisa Solidária, existem características bastante importantes: “A primeira delas é que 73,7% das postagens negativas sobre as vacinas foram atribuídas a candidatos alinhados com o presidente Bolsonaro; além disso, esses candidatos, na sua maioria, vão falar sobre a questão da obrigatoriedade da vacinação”.

Apesar da tentativa de desacreditar a importância das vacinas, o engajamento em divulgar e incentivar a vacinação é majoritário nas redes sociais, entre a população e políticos. “Acho que essa tendência é algo muito importante que a gente tem que fortalecer na sociedade brasileira”, afirma Lorena, ao destacar como essa adesão massiva é contrária ao crescimento antivacina visto no resto do mundo.

Lorena ainda cita a importância de órgãos responsáveis pela segurança sanitária do país de reforçar o compartilhamento de informações corretas para limitar o alcance que a desinformação sobre o assunto possa ter. “É uma mensagem que dá muita esperança e é algo que a gente precisa pensar, em como proteger e fortalecer esse engajamento da sociedade quando se protege e protege os outros”, conclui Lorena.

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