01/11/2008 - 0:00
Da fotografia de moda à etnofotografia
J.R. Duran registra sua passagem pela Etiópia em um livro que mescla diário de viagem e ensaio fotográfico, promovendo um diálogo lúdico e lírico entre fotografia, literatura e etnografia
Cadernos etíopes – Fotografias por J. R. Duran.
Cosac Naify, 192 páginas. R$ 65,00.
Conhecido por seus trabalhos com nus, retratos e moda, o brasileiro/catalão Josep Ruaix Duran registra sua passagem pela Etiópia, na África Oriental, em um livro que mescla diário de viagem e ensaio fotográfico, promovendo um diálogo lúdico e lírico entre fotografia, literatura e etnografia. Com uma impressionante capacidade de captar a linguagem corporal, a informação cultural e sensorial, Duran fotografa os costumes e a beleza das tribos do vale do rio Omo: os karo, mestres na arte do body painting, os hamar e seus estranhos rituais, os mursi, tribo mais conhecida do país, os nyagatom, guerreiros destemidos, e os dhassanech, agricultores e criadores de gado. Em anotações de viagem de seu diário, ele descreve também as impressões sobre as paisagens africanas, a arquitetura das cidades por onde passa e suas agruras em hotéis e aeroportos locais.
Cadernos etíopes revela uma faceta surpreendente de Duran, mostrando um artista maduro e consciente do seu percurso. Como o fizeram o francês Pierre Verger e tantos outros etnofotógrafos, Duran traz na bagagem dessa jornada também um aprendizado etnográfico.
A rara beleza das figuras humanas que sua câmera consegue captar e transmitir parece existir fora do tempo. Essas figuras vêm de um mundo em estado puro, ainda não contaminado pelas mazelas da nossa sociedade da produtividade e do consumismo. A beleza das formas corporais e das expressões do rosto daqueles que ainda vivem descalços, com os pés diretamente relacionados com a terra. Cadernos etíopes revela-se mais do que um livro de fotografias: é um itinerário espiritual de um fotógrafo esteta fundamentalmente interessado na beleza da pessoa humana.
Meio ambiente
Visão polêmica sobre o aquecimento global
Cool it – Muita calma nessa hora! – O guia de um ambientalista cético sobre o aquecimento global, Bjorn Lomborg. Campus-Elsevier, 210 páginas, R$ 59,90.
Eleito uma das cem personalidades mais influentes do mundo pela revista Time em 2004, o professor e ambientalista dinamarquês Bjorn Lomborg afirma que grande parte das complexas ações apontadas hoje como capazes de deter o aquecimento global não exercerá maior impacto sobre a temperatura do planeta durante centenas de anos. Até porque, na sua opinião, essas ações freqüentemente estão baseadas em suposições passionais e não estritamente científicas, devendo apenas implicar o gasto de centenas de bilhões de dólares. Para ele, esse dinheiro deveria ser investido na solução de problemas mais imediatos, como a malária e o vírus HIV, para salvar milhões de vidas no mundo todo. Quanto ao aquecimento global, Lomborg apresenta várias idéias, defendendo que o pânico não é um ponto de partida justificado nem construtivo para lidar com quaisquer dos problemas da humanidade, incluindo-se aí o aquecimento global.
Não-ficção
A magia segundo Giordano Bruno
Tratado de magia, Giordano Bruno, Editora Martins Fontes, 184 páginas, R$ 25.
O original dessa edição bilíngüe (português-latim) foi ditado pelo filósofo italiano a seu discípulo Jerônimo Besler, em Frankfurt, entre 1590 e 1591. No tratado, Giordano Bruno tece considerações sobre as diversas definições de magia e mago, com o objetivo de demonstrar que a magia poderia ser uma espécie de conhecimento – uma ciência, inclusive. Em seguida, ele examina alguns fenômenos naturais para os quais o conhecimento daquele tempo ainda não apresentava respostas. Nos tópicos “Sobre os vínculos dos espíritos” e “Da analogia dos espíritos”, o filósofo demonstra seu grande interesse por demônios. Seu conceito do diabo, entretanto, é tão amplo que, com certeza, foi um dos fatores predominantes para o seu dramático final: considerado um herético ecumênico (já havia sido excomungado de três igrejas – a católica, a calvinista e a luterana), Giordano Bruno foi queimado na fogueira da Inquisição por blasfêmia, imoralidade e heresia.
Estante Literária
A promessa da política, Hannah Arendt. Difel, 290 páginas, R$ 39.
Reúne textos inéditos da pensadora política Hannah Arendt. Sua análise da filosofia marxista a conduziu a um exame crítico de toda a tradição do pensamento político ocidental, de Sócrates até a sua culminação e conclusão em Marx. Nos seis capítulos, ela expõe as razões do fracasso dessa tradição em explicar a ação humana.
Jesus hoje, Albert Nolan. Paulinas, 296 páginas, R$ 24,70. Aborda o contexto atual, com foco na globalização, na ciência, na pobreza e em outras situações, e propõe que diante desses problemas a busca pelo sagrado e a sede de Deus são inevitáveis. Diante disso, oferece uma proposta espiritual, que tem por base a vida e a obra de Jesus.
Yoga postural, Sílvio Camargo. Pensamento, 144 páginas, R$ 19,90.
Fisioterapeuta formado pela USP e instrutor de hatha yoga, o autor ensina ao longo do texto como problemas posturais podem ser corrigidos por meio de exercícios de hatha yoga, acessíveis à maioria das pessoas. De fácil compreensão, o livro é ilustrado com ásanas (posições).
O teatro dos vícios, Emanuel Araújo. José Olympio, 364 páginas, R$ 39
. A obra conduz o leitor a uma viagem pelo Brasil colonial, na qual se descobre como nossa história de transgressões, punições e impunidades começou. Também é naquela época que se encontra a origem do famoso jeitinho brasileiro de resolver crises e fazer falcatruas.
Fundamentos teóricos do direito ambiental, Maurício Mota. Campus- Elsevier, 346 páginas, R$ 75.
Reúne textos e pesquisas elaborados na Faculdade de Direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro – Direito da Cidade, que abordam questões como a delimitação jurídica do conceito de natureza e o consumo verde.
A ciência de ficar rico, Wallace D. Wattles. Madras, 136 páginas, R$ 19,90.
Manual destinado àqueles cuja necessidade mais premente é ganhar dinheiro. Também é direcionado àqueles que não tiveram tempo, meios ou oportunidades para estudar a metafísica, mas que desejam transformar seus pensamentos em ações concretas, sobretudo para ser prósperos.
