A maior ave que já viveu – que não voava – pesava até 600 kg e tinha uma cabeça enorme, de cerca de meio metro de comprimento. Mas seu cérebro sofria com a falta de espaço.

+ Fóssil de ave de 120 milhões de anos é descoberto no Japão
+ O último adeus à rainha Elizabeth 2ª
+ Hubble investiga uma misteriosa explosão astronômica

Dromornis stirtoni, o maior dos “mihirungs (palavra de aborígines australianos para “pássaro gigante”), tinha até 3 metros de altura. Seu crânio era mais largo e mais alto do que seu comprimento devido a um bico grande e poderoso. Isso levou paleontólogos australianos a olhar para o interior de seu espaço cerebral a fim de ver como ele funcionava.

O novo estudo, publicado na revista “Diversity”, examinou os cérebros dos extintos mihirungs gigantes ou pássaros da família Dromornithidae (dromornitídeos). Eles foram uma parte distinta da fauna australiana por muitos milhões de anos, antes de serem extintos há cerca de 50 mil anos.

Semelhança com galinhas modernas

“Junto com seus olhos grandes voltados para a frente e bicos muito grandes, a forma de seus cérebros e nervos sugeria que essas aves provavelmente tinham uma visão estereoscópica bem desenvolvida, ou percepção de profundidade, e se alimentavam de uma dieta de folhas macias e frutas”, diz o dr. Warren Handley, pesquisador da Universidade Flinders (Austrália) e autor principal do estudo.


+ Flávia Alessandra posa de lingerie e reflete sobre o corpo
+ Os signos com maiores chances de se tornarem milionários
+ Vídeo: Vira-lata caramelo surpreende e ‘rouba’ marmita de motoboy

“A forma de seus cérebros e nervos nos disse muito sobre suas capacidades sensoriais e algo sobre seu possível estilo de vida, que permitiu a essas aves notáveis ​​viverem nas florestas ao redor de canais de rios e lagos em toda a Austrália por um tempo extremamente longo”, prossegue Handley. “É emocionante quando podemos aplicar métodos de imagem modernos para revelar características da morfologia dos dromornitídeos que eram completamente desconhecidas.”

A nova pesquisa, baseada em restos fósseis que variam de cerca de 24 milhões de anos atrás até o último da linha (Dromornis stirtoni), indica que os cérebros e nervos dos mihirungs são mais parecidos com os das galinhas modernas e das galinhas mallee australianas.

“A verdade improvável é que esses pássaros eram aparentados com aves domésticas – galinhas e patos. Mas seu primo mais próximo e muito de sua biologia ainda permanecem um mistério”, disse Trevor Worthy, paleontólogo de vertebrados e professor associado da Universidade Flinders. “Embora os cérebros dos dromornitídeos sejam muito diferentes dos de qualquer pássaro vivo hoje, também parece que eles compartilhavam uma confiança semelhante na boa visão para a sobrevivência com espécies vivas como avestruz e ema.”

Warren Handley e Trevor Worthy, da Universidade Flinders: pesquisa que varia de restos fósseis de 24 milhões de anos atrás a 7 milhões de anos atrás. Crédito: Universidade Flinders

“Experimento extremo”

Os pesquisadores compararam as estruturas cerebrais de quatro mihirungs – desde o primeiro Dromornis murrayi, de cerca de 24 milhões de anos atrás, a Dromornis planei e Ilbandornis woodburnei, a partir de 12 milhões de anos atrás, e Dromornis stirtoni, de 7 milhões de anos atrás.

Com tamanhos variando do de casuar até o que é conhecido como o maior pássaro do mundo, Worthy diz que a maior e última espécie, Dromornis stirtoni, foi um “experimento evolucionário extremo”.

“Esse pássaro tinha o crânio maior, mas atrás do bico enorme havia um crânio estranho. Para acomodar os músculos a fim de manejar esse bico enorme, o crânio tinha se tornado mais alto e mais largo do que comprido. Então, o cérebro foi espremido e achatado para caber dentro”, afirma ele. “Parece que esses pássaros gigantes foram provavelmente o que a evolução produziu quando deu às galinhas rédea solta nas condições ambientais australianas. Portanto, eles se tornaram muito diferentes de seus parentes, da família Megapodiidae – ou pássaros parecidos com galinhas que ainda existem na região da Australásia.”
Tamanho relacionado com clima e dieta

Grandes pássaros que não voavam, os Dromornithidae – também chamados de “patos-demônios – existiram desde o Oligoceno até o Pleistoceno.

Durante a pré-história, os tamanhos dos corpos de oito espécies de dromornitídeos tornaram-se maiores e menores, dependendo do clima e da alimentação disponível.

Os pesquisadores da Universidade Flinders usaram crânios de pássaros fósseis para extrair endocasts (moldes internos de um objeto oco – no caso, o crânio) dos cérebros a fim de descrever como eles se relacionavam com pássaros modernos, como megapodos e aves aquáticas. Modelos de cérebro também foram feitos a partir de tomografias computadorizadas de cinco outros crânios de dromornitídeos de sítios de fósseis em Queensland e no Território do Norte (Austrália).

O espécime mais antigo de Dromornis murrayi, de 25 milhões de anos, foi encontrado na famosa Área de Patrimônio Mundial de Riversleigh, em Queensland.


Veja também: Ucranianos acham covas comunitárias em cidade recuperada: “Não sobrou nada”


+ Donos de si, os 5 signos mais independentes do zodíaco
+ Onda criada por erupção de vulcão em Tonga atingiu 90 metros de altura