Pesquisadores britânicos e marroquinos divulgaram hoje (20 de agosto) a descoberta do mais antigo estegossauro já encontrado, segundo informa o site do Museu de História Natural de Londres. A análise dos restos desse enorme dinossauro herbívoro, encontrados nos Montes Atlas, no Marrocos, resultou numa datação de cerca de 168 milhões de anos.

Os restos fósseis do dinossauro foram os primeiros a serem achados no norte da África. São algumas vértebras e um osso do antebraço. Esse material já foi suficiente para que paleontólogos do museu identificassem com certeza não só uma nova espécie, mas um novo gênero.

O animal recebeu o nome Adratiklit boulahfa, relacionado às palavras berberes para montanha (Adras) e lagarto (tiklit). O nome da espécie, boulahfa, refere-se ao local onde o espécime foi encontrado.

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“A descoberta de A. boulahfa é particularmente emocionante, já que a datamos para o Jurássico Médio”, afirmou Susannah Maidment, especialista em dinossauros do Museu de História Natural que liderou o estudo. “Os estegossauros mais conhecidos datam de mais tarde no Período Jurássico, tornando este o mais antigo estegossauro definido descrito e ajudando a aumentar nossa compreensão sobre a evolução desse grupo de dinossauros.”

Vértebras do animal. Foto: Museu de História Natural, Londres

Na época em que os estegossauros viveram, havia dois supercontinentes: Laurásia e Gondwana. A Laurásia incluía as massas de terra que hoje compõem a maior parte dos continentes do hemisfério norte. Gondwana, por seu lado, viria a se dividir em massas de terra menores, que incluem África, América do Sul, Austrália e Antártida.

Escassez de fósseis

Restos de estegossauro da Laurásia são diversos e comuns. Muitos foram encontrados em rochas na América do Norte, Ásia e Europa. Já em Gondwana os achados foram escassos.

Tom Raven, aluno de doutorado do museu, ajudou a elaborar as relações evolutivas do espécime. Esse tipo de estudo permite aos paleontologistas compreender a relação desse novo dinossauro com os estegossauros conhecidos. “Apesar de ser do continente africano, nossa análise filogenética indicou que, surpreendentemente, Adratiklit está mais relacionado aos estegossauros europeus do que aos dois gêneros conhecidos do sul da África, Kentrosaurus e Paranthodon”, explica.

Os pesquisadores esperam que o achado pavimente o caminho para descobertas de novos gêneros em Gondwana e está voltando para o Marrocos em um futuro próximo em busca de mais restos. Os espécimes descritos no estudo estão agora na coleção de dinossauros do Museu de História Natural.