Um novo relatório levantou as consequências do elevado número de queimadas registradas na Amazônia em 2019 sobre a saúde da população da região. Pelo menos 2.195 internações hospitalares por doenças respiratórias em 2019 na região amazônica podem ser atribuídas diretamente às queimadas. Dessas, quase 500 internações envolveram crianças com menos de um ano de idade, e mais de mil foram de pessoas acima dos 60 anos.

O levantamento foi feito em parceria entre o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), o Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (Ieps) e a Human Rights Watch (HRW) com base em dados oficiais de saúde e meio ambiente e entrevistas com profissionais de saúde, autoridades e especialistas. As conclusões reforçam a preocupação de especialistas de saúde pública com o crescimento das queimadas, considerando que a pandemia de covid-19 segue pressionando a já debilitada rede pública de saúde na Amazônia.

O relatório estima que quase 3 milhões de pessoas foram expostas a níveis nocivos de poluição atmosférica na Amazônia no auge das queimadas do ano passado, em agosto. No mês seguinte, esse número aumentou para 4,5 milhões de pessoas em 168 municípios.

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Impacto maior

O impacto das queimadas vai muito além das internações, já que muitas pessoas intoxicadas pela fumaça não tiveram acesso a serviços de saúde e muitas outras tiveram problemas respiratórios que não exigiram internação.

A fumaça decorrente das queimadas é composta principalmente por material particulado fino, um poluente associado a doenças respiratórias e cardiovasculares. Crianças, idosos, gestantes e pessoas com doenças pulmonares e cardíacas preexistentes são particularmente vulneráveis. A fumaça agrava alguns sintomas associados ao coronavírus, o que pode precipitar casos mais graves e, eventualmente, óbitos.

As conclusões do relatório foram matéria de BBC Brasil, Deutsche Welle, “O Globo” e UOL, entre outros. Míriam Leitão também abordou o relatório em sua coluna em “O Globo”.