Pesquisadores britânicos descobriram como a matéria descartada à medida que as estrelas morrem é reciclada para formar novos sóis e planetas. O estudo, publicado recentemente na revista “Monthly Notices of the Royal Astronomical Society“, aprofunda os conhecimentos sobre um estágio crucial no surgimento da vida no universo.

Já se sabe há muito tempo que os materiais que compõem a vida humana não estavam presentes durante o início do universo. Elementos como carbono e oxigênio se formam nas profundezas das estrelas e são liberados quando elas explodem. O que não se sabia ainda é o que acontece com esses materiais na grande maioria das estrelas que não explodem e como eles são então extraídos para contribuir para o desenvolvimento de novos planetas e biosferas.

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No novo estudo, o professor Michael Smith e o aluno de doutorado Igor Novikov, da Universidade de Kent (Reino Unido), descobriram esse elo perdido. Ao realizar a modelagem bidimensional em seu supercomputador, que mapeou o padrão da luz emitida pelas estrelas sob diferentes condições ambientais, a equipe de pesquisa entendeu como o material ejetado é transferido e misturado com gás interestelar para formar novos objetos astronômicos.

Pela primeira vez, os físicos simularam a formação detalhada de nebulosas protoplanetárias (nuvens de gás e poeira em forma de anel, visíveis no céu noturno). Esses objetos astronômicos se desenvolvem durante a evolução tardia de uma estrela. Os pesquisadores modelaram a formação da concha de materiais que é liberada à medida que a estrela envelhece. Essas conchas formam as nebulosas planetárias.

Transferência

O estudo revelou como e de que formas o gás e a energia expelidos pelas estrelas são devolvidos ao universo. Segundo os cientistas, os elementos produzidos pelas estrelas que estão morrendo são transferidos por um processo de fragmentação e reciclados em novas estrelas e planetas.

“Inicialmente, ficamos perplexos com os resultados de nossas simulações”, confessou Smith. “Precisávamos entender o que acontece com as conchas expulsas das [estrelas] gigantes vermelhas moribundas. Propusemos que as conchas devessem ser temporárias, como se permanecessem intactas. A vida não poderia existir em nosso universo e nossos planetas ficariam desocupados.”

“As conchas não são uniformes”, prosseguiu Smith. “A maioria provavelmente é fria e molecular. Elas se desintegram em apêndices salientes e perdem sua integridade. Em contraste, as conchas atômicas quentes permanecem intactas. Isso fornece pistas vitais sobre como o carbono e outros materiais são transferidos e reutilizados dentro do nosso universo. Nossa civilização existe quando a geração de material reciclado é mais alta. Provavelmente isso não é coincidência.”