A maternidade assume o controle das regiões do cérebro para priorizar o cuidado com os filhos, de acordo com uma nova pesquisa em ratos publicada na revista “eNeuro”.

A tomada de decisões requer que o córtex pré-frontal medial filtre e reprima múltiplos fluxos de informação. Isso geralmente envolve escolher entre estímulos poderosos e conflitantes, como quando as mães que usam drogas precisam escolher entre seu novo filho ou a procura de drogas. Como as terapias de dependência mais eficazes nessa situação funcionam enfatizando o relacionamento mãe/bebê, Mariana Pereira, da Universidade de Massachusetts, e Joan Morrell, da Universidade Rutgers (EUA), levantaram a hipótese de que uma região do cérebro deve orientar a mãe a priorizar os filhos em detrimento das drogas.

Para identificar essa região cerebral, a equipe desativou temporariamente diferentes regiões dos córtices pré-frontais de fêmeas de ratos com um anestésico local e testou a preferência delas por filhotes ou cocaína. Antes da inativação, 40% das ratas preferiam passar o tempo em um aposento associado à cocaína, 40% preferiam um aposento associado a filhotes e 20% preferiam um aposento neutro.

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Mas quando os cientistas desativaram o córtex infralímbico das fêmeas, 78% delas preferiram a sala de cocaína e nenhuma escolheu a sala de filhotes. O oposto aconteceu quando o córtex pré-límbico foi desativado: 71% das ratas preferiram o aposento dos filhotes e nenhuma escolheu o aposento da cocaína. A desativação do córtex infralímbico também diminuiu o comportamento materno da mãe em relação aos filhotes.

As pesquisadoras concluíram que, durante a maternidade, o cérebro recruta os poderes discriminadores do córtex infralímbico para priorizar a prole sobre os desejos concorrentes.