O relatório Estado do Ártico, publicado em outubro por um grupo de cientistas americanos, aler ta que a transformação climática está progredindo nas regiões polares do norte do planeta. “Estamos vendo uma mudança bem rápida no Ártico”, afirma Richard Spinrad, administradorassistente de pesquisa atmosférica e oceânica da Administração Nacional de Oceano e Atmosfera (NOAA), instituição que publicou o relatório.

A camada de gelo dos mares e do permafrost (solo permanentemente congelado) está derretendo, o rebanho de caribus diminuiu e a tundra está sendo invadida por arbustos. A temperatura anual do Pólo Norte já subiu 1º C. Este ano, a média de temperatura no inverno e na primavera foi superior à de anos anteriores, segundo James Overland, do Laboratório Ambiental Marinho do Pacífico. “Há 100 anos, uma região do Ártico era mais fria que outra”, comenta Overland. “Hoje, não sentimos mais essa diferença. É um sinal da ação da mudança climática.”

O RELATÓRIO EMITIU “alerta vermelho” – sinal de problemas gravíssimos – para as condições da atmosfera e do gelo marítimo. O sinal amarelo, que indica “problema grave”, foi atribuído à camada de gelo da Groenlândia, à temperatura das águas polares, à vida selvagem e ao permafrost. O “alerta verde”, que indica que a situação está sob controle, não foi utilizado nessa edição do relatório.

Outro estudo, feito por uma expedição de 50 cientistas americanos, chineses e europeus ao Ártico, constatou que a camada de gelo da região está com apenas um metro de espessura – aproximadamente metade da medida em 2001. O grupo também identificou que tanto as correntes oceânicas quanto a estrutura do Ártico estão em mutação. Simulações feitas por computadores prevêem que todo o gelo ártico desaparecerá em menos de 50 anos, caso as condições atuais do aquecimento global permaneçam as mesmas.

A fim de estudar a formação do gelo nas regiões polares, pesquisadores do projeto French Pole Airship cruzarão o Pólo Norte em março de 2008, a bordo de um dirigível do tipo zepelim. A aeronave contará com sensores especiais, chamados EM-Bird, que poderão medir com precisão a espessura do gelo por todo o Ártico.