A chuva de meteoritos ocorrida em 19 de agosto em Santa Filomena, município de pouco mais de 14 mil habitantes no extremo oeste de Pernambuco, tem provocado desdobramentos inesperados. A cidade e municípios vizinhos se tornaram nos últimos dias um campo de busca de fragmentos dos pequenos objetos astronômicos, mobilizando pesquisadores e “caçadores” do Brasil e de outros países, informam o “Jornal do Commercio” e o site G1. Até 29 de agosto, entre 100 e 200 desses fragmentos haviam sido recolhidos. Alguns desses pedaços foram comercializados por valores ao redor de R$ 100 mil.

Meteorito é a designação dada quando um meteoroide – formado por fragmentos de asteroides ou cometas contemporâneos da origem do Sistema Solar (há 4,6 bilhões de anos), cujo tamanho em geral varia de simples poeira a quilômetros de diâmetro – atinge a superfície da Terra. O interesse científico que desperta passa por sua composição, que pode conter materiais raros.

Segundo o G1, quatro pesquisadoras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foram as primeiras pessoas a chegar à cidade em busca dos meteoritos. O Setor de Meteoritos do Museu Nacional da UFRJ é o maior do país e normalmente abriga as amostras do gênero coletadas, destinadas a pesquisas científicas e a exposições. Mas as “meteoríticas”, como se denominam as pesquisadoras, não vinham tendo muito sucesso. Até 30 de agosto, havia conseguido comprar apenas um fragmento de 14 gramas por R$ 300.

LEIA TAMBÉM: Composição de meteorito sugere que a Terra é úmida desde sua formação

Vídeo disponibilizado pela Brazilian Meteor Observation Network (Bramon) mostra o momento exato da chuva de meteoritos. A organização sem fins lucrativos opera uma rede de monitoramento de meteoros no país.

Aquisição para o acervo

Mas sua iniciativa não foi de todo infrutífera. Ontem (31 de agosto), o maior fragmento encontrado até agora, de 40 kg, foi negociado com um colecionador americano e transportado para o Rio de Janeiro. Ali, ele comporá o acervo do Museu Nacional. O preço não foi revelado.

“Este meteorito é do tipo condrito. É um dos primeiros minerais que se formaram no Sistema Solar, antes da Terra. É como se fosse um ‘resto de construção’ do sistema. Ele pode contar para a gente um pouco da pré-história desta formação”, explicou Gabriel Gonçalves Silva, pesquisador do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), ao G1.