Dois nanossatélites idênticos que a Nasa lançará na próxima semana ajudarão os cientistas da agência espacial americana a compreender por que ocorrem distorções nos sinais de rádio empregados para comunicação e navegação, informa o site Space.com. Os dois aparelhos – originariamente usados ​​apenas na órbita baixa da Terra, mas que às vezes são empregados ​​em missões interplanetárias – integram um total de 24 satélites levados pelo foguete Falcon Heavy, da SpaceX.

Conhecidas pela sigla E-TBEx, essas naves orbitarão perto da Terra, fornecendo aos cientistas informações essenciais sobre como os sinais de rádio podem ser interrompidos quando passam pela atmosfera superior do planeta.

O problema está ligado a “bolhas estruturadas” presentes na ionosfera (camada na atmosfera superior que é bombardeada pela radiação solar e cósmica e, portanto, está repleta de partículas carregadas). Ao distorcerem os sinais de rádios, essas bolhas interferem nas comunicações militares e aéreas e nos sinais de GPS, particularmente no equador, informou a Nasa em um comunicado.

“Essas bolhas são difíceis de estudar a partir do solo”, disse Rick Doe, gerente do programa de carga útil da missão E-TBEx, no texto. “Se você vir as bolhas começarem a se formar, elas se moverão.” Segundo Doe, a esperança da Nasa é que os novos satélites possam estudar a evolução das bolhas antes que elas comecem a distorcer as ondas de rádio. Isso ajudaria os cientistas a entender melhor a física das bolhas.

Na ionosfera, as partículas são separadas em um “mar de partículas positivas e negativas, chamado plasma”, informa a Nasa no comunicado. O plasma é misturado com gases neutros como o ar que respiramos.

A ionosfera e as bolhas que se formam lá respondem a vários fatores diferentes, incluindo campos elétricos e magnéticos e os climas terrestre e espacial. Segundo os cientistas, ondas de pressão de grandes sistemas de tempestades podem atingir a parte superior da atmosfera e criar ventos capazes de interferir na formação e na movimentação das bolhas. As partículas carregadas do plasma também seriam afetadas pelo clima espacial, o que pode influenciar os campos elétricos e magnéticos.

Os sinais de rádio emitidos pelos nanossatélites – todos próximos daqueles usados pelos satélites de comunicações e GPS, segundo a Nasa – serão captados por estações em terra. Com esse material, os cientistas poderão flagrar mudanças tênues na fase ou na amplitude dos sinais, e a partir daí mapear as distorções na região da ionosfera onde foram registradas.