Danilo Toninelli, ministro dos Transportes da Itália, anunciou ontem um plano para retirar pelo menos parte do número de enormes navios de cruzeiro que passam por canais no centro histórico de Veneza. A proposta desviaria um terço dessas embarcações para outros atracadouros, segundo o jornal “The Guardian”.

Em sessão no Parlamento, Toninelli afirmou que as embarcações poderiam ser redirecionadas gradualmente do terminal de Marittima para o de Fusina (pequeno porto na parte continental de Veneza) ou de Lombardia, um terminal privado. O ministro sugeriu que o processo poderia começar em setembro.

A presença de grandes navios de cruzeiro nos canais de Veneza tem incomodado há tempos a população local. A situação ficou ainda mais tensa quando, no início de junho, o MSC Opera, que comporta mais de 2.600 passageiros, bateu em um cais e em um barco turístico ao longo do canal de Giudecca, a principal via que leva à Praça de São Marcos. Quatro pessoas ficaram feridas no acidente.

LEIA TAMBÉM: Turismo insustentável

Semanas depois, outra embarcação de grande porte, o Costa Deliziosa, teve de fazer uma manobra arriscada para se desviar de um iate durante uma tempestade.

 

Decisão de comitê

Toninelli, do movimento Cinco Estrelas, já havia sugerido anteriormente que os navios de cruzeiro atracassem em Chioggia, porto ao sul de Veneza. Mas uma decisão final precisaria ser feita por um comitê que inclua o Ministério dos Transportes e as autoridades locais e regionais.

“Estas são as hipóteses de Toninelli (…), nenhuma solução oficial foi decidida”, declarou uma fonte do conselho de Veneza.

“Não há nada concreto [na proposta de Toninelli], seja para soluções transitórias ou definitivas”, afirma Nicola Pellicani, parlamentar do Partido Democrata. “A promessa de que isso começará em setembro é impossível de manter. O ministro acha que pode transportar cargas e navios de cruzeiro de um lado da lagoa [de Veneza] para o outro como se fossem carros de brinquedo.”