Um objeto misterioso que emite sinais de rádio no centro da Via Láctea está deixando os astrônomos confusos. A fonte vem sendo monitorada por cientistas da Universidade de Sydney e da Universidade de Wisconsin-Milwaukee desde o ano passado e, segundo eles, ela se liga e desliga abruptamente “ficando 100 vezes mais brilhante e escurecida com o tempo”.

As descobertas foram publicadas na terça-feira (12) no The Astrophysical Journal. “No início de 2020, detectamos um sinal de rádio incomum vindo de algum lugar próximo ao centro de nossa galáxia”, escreveram Ziteng Wang e Tara Murphy da University of Sydney e David Kaplan da University of Wisconsin-Milwaukee em um artigo para The Conversation.

O sinal de rádio, denominado ASKAP J173608.2-321635 por conta de suas coordenadas, era “único” porque começava invisível, depois ficava claro e desaparecia completamente antes de reaparecer novamente.

Os cientistas também disseram que os padrões das ondas de rádio não se encaixam em nenhuma classificação atual de fontes de rádio do espaço. “Nunca vimos nada parecido”, disse Wang, principal autor do estudo, em um comunicado à imprensa.

Eles ainda disseram que a natureza desconhecida da fonte e das ondas de rádio significa que este estranho objeto só poderia ser “uma nova classe de objeto estelar”.

Os objetos no espaço sideral são geralmente estáveis ​​em termos de escalas de tempo humanas, explicaram os cientistas. Por conta disso, quando objetos que mudam, chamados de variáveis, e os que aparecem ou desaparecem, chamados de transientes, são identificados, eles se tornam uma fonte de interesse para os astrônomos.

“As informações que temos têm alguns paralelos com outra classe emergente de objetos misteriosos conhecidos como Transientes de Rádio do Centro Galáctico, incluindo um apelidado de ‘cosmic burper‘”, disse o co-supervisor de Wang, David Kaplan, professor da Universidade de Wisconsin-Milwaukee.

“Embora nosso novo objeto, ASKAP J173608.2-321635, compartilhe algumas propriedades com GCRTs, também existem diferenças. E não entendemos realmente essas fontes, de qualquer maneira, então isso aumenta o mistério”, acrescentou ele.

Além disso, o misterioso sinal de rádio emitido pela fonte tinha “polarização muito alta”, algo extremamente raro, de acordo com eles. Isso significa que a luz do sinal oscilava em uma direção única, mas a própria direção girava com o tempo.

“A princípio pensamos que poderia ser um pulsar (um tipo muito denso de estrela morta girando) ou então um tipo de estrela que emite enormes erupções solares. Mas os sinais dessa nova fonte não correspondem ao que esperamos desses tipos de objetos celestes”, disse Wang.

Os cientistas agora vão se apoiar no radiotelescópio transcontinental Square Kilometer Array, que “fará mapas sensíveis do céu todos os dias” para descobrir o que o misterioso objeto piscando realmente é. “Esperamos que o poder deste telescópio nos ajude a resolver mistérios como esta última descoberta, mas também abrirá novas áreas do cosmos para a exploração do espectro de rádio”, acrescentou ele.