Dose de reforço do imunizante de mRNA aumenta significativamente a neutralização da nova cepa do coronavírus, segundo dados iniciais. Resultado é semelhante ao apresentado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA.A farmacêutica Moderna informou nesta segunda-feira (20/12) que a dose de reforço de sua vacina contra a covid-19 demonstrou em testes de laboratório um alto índice de proteção contra a variante ômicron do coronavírus. Segundo a empresa, a versão atual do imunizante continua a ser a “primeira linha de defesa contra a ômicron”.

A Moderna afirma que o ciclo de duas doses gera anticorpos de baixa neutralização contra a ômicron, mas uma dose de reforço de 50 microgramas aumenta 37 vezes a capacidade dos anticorpos de neutralizar a nova variante. Uma dose maior da mesma vacina, de 100 microgramas, aumenta os níveis dos anticorpos em mais de 80 vezes.

Os dados, que ainda não foram analisados por outros especialistas, foram obtidos através de testes sanguíneos em pessoas que receberam a vacina contra um pseudovírus, criado para se assemelhar à ômicron.

As conclusões são semelhantes às reveladas por estudos dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, apresentadas há poucos dias pelo especialista americano em doenças infecciosas Anthony Fauci, uma das maiores autoridades do país no assunto.

A decisão da farmacêutica de se concentrar em sua vacina atual, a mRNA-1273, foi tomada, em parte, pela rapidez com que a nova cepa do coronavírus se espalha pelo mundo. A empresa planeja ainda desenvolver uma vacina especificamente elaborada para combater a ômicron, e espera começar os testes clínicos no início do ano que vem.

Paul Burton, diretor-médico chefe da Moderna, disse que a vacina atual é “altamente eficaz e extremamente segura. Creio que vá proteger as pessoas durante o período dos feriados e através dos meses de inverno, quando veremos uma pressão mais severa da ômicron”.

Vacina Pfizer-BioNTech tem eficácia semelhante à da Moderna

O presidente da Moderna, Stephen Hoge, disse que, para muitas pessoas, pode não ser necessário aumentar os níveis de anticorpos mais do que os gerados pelas doses de 50 microgramas. Ele ressaltou que cabe aos governos optarem ou não pela versão mais reforçada, se quiserem aumentar o nível de proteção.

“Pode ser mais alto? Certamente. Mas, temos já hoje os dados para fazer uma recomendação conclusiva? Não”, disse Hoge. A farmacêutica advertiu que a dose de 100 microgramas é geralmente segura e tolerada, apesar de haver uma leve tendência para a ocorrência mais frequente de reações adversas

As agências reguladoras americanas autorizaram em outubro a dose de reforço de 50 microgramas da vacina da Moderna. As primeiras duas doses da vacina da Moderna são ambas de 100 microgramas.

Testes com o imunizante Pfizer-BioNTech também registraram um aumento semelhante dos anticorpos capazes de neutralizar a ômicron. Os resultados confirmam as declarações das autoridades de saúde que pedem para que as pessoas aceitem receber as doses de reforço logo que estejam aptas a fazê-lo.

As vacinas da Moderna e da Pfizer-BioNTech vêm sendo associadas a raros casos de inflamações cardíacas, particularmente e homens mais jovens. Diversos estudos sugerem que o imunizante da Moderna pode causar esse tipo de inflamação em frequência maior do que a da Pfizer.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou no último sábado a ômicron já foi detectada em 89 países, depois de ter sido inicialmente detectada no sul da África e em Hong Kong.

rc (Reuters, AP)