Insetos transmissores de doenças podem aprender a evitar pesticidas depois de expostos uma única vez a doses não letais de veneno, constatou o grupo do entomologista Frederic Tripet, da Universidade de Keele, no Reino Unido.

Os pesquisadores colocaram fêmeas de Culex quinquefasciatus, o pernilongo comum, e de Aedes aegypti, transmissor da malária, dengue e outras enfermidades, em contato com doses baixas de pesticida, antes de realizar dois experimentos. No primeiro, os mosquitos eram soltos em uma caixa e tinham de atravessar uma tela com furos impregnada de veneno para conseguir sangue. Só 15,4% de A. aegypti e 12,1% de C. quinquefasciatus previamente expostos a pesticida passaram pela rede para se alimentar. Essa proporção foi bem maior (57,7%) entre Aedes e (54,4%) pernilongos sem contato anterior com o inseticida.

Fêmea de A. aegypti após a refeição. Crédito: James Gathany/CDC

No segundo teste, os insetos eram postos em um túnel conectando duas caixas: uma com veneno e outra com um composto inerte. Resultado: 75,7% de A. aegypti e 83,1% de C. quinquefasciatus expostos ao inseticida pousaram na caixa sem pesticida. No grupo sem contato prévio, a taxa foi de 50%. Em ambos os testes, a quantidade de sobreviventes foi duas vezes maior no primeiro grupo do que no segundo (Scientific Reports, 17 de fevereiro).

* Este artigo foi republicado do site Revista Pesquisa Fapesp sob uma licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o artigo original aqui.