Um jovem adulto nos EUA pode adicionar mais de uma década à sua expectativa de vida caso mude seus hábitos alimentares de uma dieta típica ocidental para uma dieta otimizada que inclui mais legumes, grãos integrais e nozes e menos carne vermelha e processada. A conclusão é de um novo estudo publicado na revista PLOS Medicine por pesquisadores da Universidade de Bergen (Noruega) liderados por Lars Fadnes. Para os idosos, os ganhos previstos na expectativa de vida de tais mudanças na dieta seriam menores, mas ainda substanciais.

“A extensão estimada da vida se deve principalmente à redução do risco de doenças cardíacas, diabetes e câncer”, afirmou Fadnes.

A alimentação é fundamental para a saúde e, globalmente, estima-se que os fatores de risco dietéticos levem a 11 milhões de mortes e 255 milhões de anos de vida ajustados por incapacidade anualmente. No novo estudo, os pesquisadores usaram meta-análises e dados existentes do estudo Global Burden of Diseases para construir um modelo que permite a estimativa instantânea do efeito na expectativa de vida de uma série de mudanças na dieta. O modelo também está agora disponível como uma ferramenta online apresentada publicamente no site Food for healthy life.

Aumento esperado na expectativa de vida para otimizar diferentes grupos de alimentos em várias idades. Crédito: Fadnes LT et al., 2022, PLOS Medicine, CC BY 4.0 (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/)

Benefícios até para octogenários

Considerando-se adultos jovens nos Estados Unidos, o modelo estima que uma mudança sustentada de uma dieta típica ocidental para a dieta ideal a partir dos 20 anos aumentaria a expectativa de vida em mais de uma década para as mulheres (10,7 anos, com intervalo de incerteza de 5,9 a 14,1 anos) e homens (13,0 anos, com intervalo de incerteza entre 6,9 e 17,3 anos).

Os maiores ganhos em anos de expectativa de vida seriam obtidos com o consumo de mais leguminosas (mulheres: 2,2 anos, com intervalo de incerteza entre 1,0 e 3,4 anos; homens: 2,5 anos, com intervalo de incerteza entre 1,1 e 3,9 anos), mais grãos integrais (mulheres: 2,0 anos, com intervalo de incerteza entre 0,7 e 3,3 anos; homens: 2,3 anos, com intervalo de incerteza entre 0,8 e 3,8 anos), e mais nozes (mulheres: 1,7 ano, com intervalo de incerteza entre 0,8 e 2,7 anos; homens: 2,0 anos, com intervalo de incerteza entre 1,0 e 3,0 anos), menos carne vermelha (mulheres: 1,6 ano, com intervalo de incerteza entre 0,7 e 2,5 anos; homens: 1,9 ano, com intervalo de incerteza entre 0,8 e 3,0 anos) e menos carne processada (mulheres: 1,6 ano, com intervalo de incerteza entre 0,7 e 2,5 anos; homens: 1,9 ano, com intervalo de incerteza entre 0,8 e 3,0 anos).

A mudança de uma dieta típica para a dieta otimizada aos 60 anos ainda pode aumentar a expectativa de vida em 8,0 anos para mulheres (com intervalo de incerteza entre 4,8 e 11,2 anos) e 8,8 anos para homens (com intervalo de incerteza entre 5,2 e 12,5 anos).

Pessoas de 80 anos de ambos os sexos ainda colheriam benefícios, embora menores. Elas viveriam cerca de três anos a mais com a dieta otimizada.

Ferramenta útil

Os pesquisadores também analisaram uma dieta de “viabilidade” entre a dieta típica ocidental e a dieta otimizada. Os ganhos são menores, mas ainda assim consideráveis.

“Compreender o potencial relativo de saúde de diferentes grupos de alimentos pode permitir que as pessoas obtenham ganhos de saúde viáveis ​​e significativos”, dizem os autores. “A calculadora Food4HealthyLife pode ser uma ferramenta útil para médicos, formuladores de políticas e leigos entenderem o impacto na saúde das escolhas alimentares.”

Fadnes acrescentou: “As pesquisas até agora mostraram benefícios à saúde associados a grupos de alimentos separados ou padrões de dieta específicos, mas forneceram informações limitadas sobre o impacto na saúde de outras mudanças na dieta. Nossa metodologia de modelagem preencheu essa lacuna”.

Tim Spector, do King’s College London, afirmou à revista New Scientist que a premissa do estudo é sólida e bem pensada. “Isso destaca a importância da dieta em nossa saúde geral”, afirmou. Mas ele ressalva que o trabalho se baseia em várias suposições e pode ser muito simplista. Para Spector, por exemplo, a forma como os alimentos são processados ​​é importante, e não apenas o tipo geral. Spector também considera que há grandes diferenças individuais – algumas pessoas, por exemplo, conseguem comer muito mais gordura sem que isso lhes cause efeitos nocivos do que outras.