Lançado em 2003 com a missão de passar cinco anos explorando o cosmos em luz infravermelha, o Telescópio Espacial Spitzer da Nasa já ultrapassou em muito seu tempo útil de vida e agora deve ser aposentado. A agência espacial americana anunciou que irá desligá-lo em 30 de janeiro de 2020.

Spitzer é um dos quatro Grandes Observatórios Espaciais da Nasa ao lado do Hubble, do Observatório de Raios Gama Compton e do Observatório Chandra de Raios-X. Revelou visões de tirar o fôlego de materiais invisíveis que rodeavam o cosmos. Spitzer ajudou a identificar onde as pistas de poeira se encontram e onde a formação de estrelas produzia pilhas de estrelas bebês. Até encontrou um novo anel de Saturno.

Também foi o primeiro telescópio a detectar diretamente um exoplaneta, captando a luz do HD 209458b em 2005. Até então, todas as detecções de exoplanetas eram indiretas, baseadas na oscilação ou no trânsito da estrela.

Telescópio espacial Spitzer da Nasa será desligado no início de 2020 (Crédito: Nasa)

Spitzer é um telescópio infravermelho, e é muito sensível ao calor. Até mesmo uma minúscula quantidade de calor gerada por sua própria eletrônica ou o brilho da luz do Sol pode criar ruído em suas imagens. Por isso foi projetado para voar longe do calor da Terra, e refletir a luz solar de volta sem absorver mais energia do que precisa para se alimentar.

Mas com o tempo foi se afastando, hoje está a cerca de 600 vezes a distância entre a Terra e a Lua. Os ângulos entre o Spitzer, a Terra e o Sol mudaram desde o início da missão, o que tornou o envio de dados para cá um problema. Os engenheiros tiveram que desativar certos protocolos de segurança para inclinar a espaçonave em direção ao planeta.

O líquido de refrigeração que carregava acabou em 2009, fazendo com que dois de seus três instrumentos sucumbissem nos últimos anos. Mas ele vinha operando com apenas um e ainda assim fornecia ciência inovadora. Para a agência é a hora certa de tirá-lo de cena, antes que termine sua vida de uma forma não planejada.