No estudo dos céus e do espaço, uma das vozes mais abalizadas da Terra certamente é a da Nasa, a agência espacial americana. Agora, ela vai emprestar sua credibilidade a pesquisas sobre um dos mais polêmicos assuntos conhecidos: os objetos voadores não identificados (OVNIs ou UFOs, na sigla em inglês).

A agência anunciou ontem (9 de junho) a formação de uma equipe independente dedicada a reunir as informações disponíveis publicamente sobre o tema e o que mais é necessário para compreender esse fenômeno. A equipe também vai avaliar a melhor forma de uso dessas informações. É um primeiro passo na tentativa de explicar tais ocorrências.

“A Nasa acredita que as ferramentas de descoberta científica são poderosas e se aplicam aqui também”, disse Thomas Zurbuchen, chefe da missão científica da Nasa, em comunicado. “Temos as ferramentas e a equipe que podem nos ajudar a melhorar nossa compreensão do desconhecido. Essa é a própria definição do que é ciência. Isso é o que fazemos.”

Sem receio de abalar reputação

Durante um webcast da Academia Nacional de Ciência, Engenharia e Medicina posterior ao comunicado, Zurbuchen disse não temer pela reputação da agência ao se envolver no tema. “Nossa forte crença é que o maior desafio desses fenômenos é que se trata de um campo pobre em dados.”

O anúncio veio semanas depois de uma histórica audiência no Congresso dos EUA sobre casos do que o Departamento de Defesa chama de Fenômenos Aéreos Não Identificados (UAPs, na sigla em inglês). Um relatório divulgado em 2021 pelo diretor de inteligência nacional catalogou mais de 140 objetos voadores que os funcionários não conseguiram identificar ajudou a aumentar o interesse pelas ocorrências.

A Nasa anunciou os nomes de David Spergel (presidente da Simons Foundation de Nova York e anteriormente presidente do departamento de astrofísica da Universidade de Princeton) e Daniel Evans (vice-administrador adjunto assistente para pesquisa na diretoria de missões científicas da Nasa) como líderes do estudo. Spergel declarou em entrevista coletiva que a única noção preconcebida que entra no estudo é que os UAPs provavelmente terão múltiplas explicações. “Temos de abordar todas essas questões com um senso de humildade”, disse ele. “Passei a maior parte da minha carreira como cosmólogo. Posso dizer que não sabemos o que compõe 95% do universo. Então, há coisas que não entendemos.”

Os trabalhos deverão começar no outono no hemisfério norte (a partir de setembro), ao custo de US$ 100 mil. Eles serão totalmente abertos e não envolverão o uso de dados militares classificados.