Os grandes rios da Europa são importantes vias econômicas, ecossistemas e marcas registradas das cidades que atravessam. Contudo, devido a altas temperaturas e à seca persistente que os países de todo o continente atualmente enfrentam, os rios apresentam níveis baixos ou estão quentes demais.

Transporte pelo Reno ameaçado

O nível fluvial do Reno está baixo. Normalmente sua profundidade média durante o verão é de cerca de 2 metros, mas no momento caiu para um metro em diversos pontos. Numa passagem estreita perto da cidade de Koblenz, no começo de agosto o nível era de apenas 56 centímetros.

O Reno é uma das vias fluviais mais trafegadas do mundo, e os níveis baixos acarretam consideráveis restrições para os navios de carga. Para atravessar o gargalo perto de Koblenz completamente carregados, por exemplo, eles necessitam de uma profundidade de 1,50 metro.

Portanto, atualmente as embarcações só podem trafegar com carga parcial, o que eleva os preços dos produtos transportados. E se as águas não voltarem a subir, em breve eles não poderão mais transitar.

Bomba da Segunda Guerra no Pó

Em épocas de seca, fazem-se achados mirabolantes em rios e lagos, de ossos e fósseis até civilizações inteiras submergidas por enchentes, milênios atrás. No norte da Itália, as regiões ao longo do Pó enfrentam a pior seca em 70 anos, e a baixa do rio revelou uma perigosa relíquia do passado: perto da cidade de Mântua, pescadores descobriram uma bomba da Segunda Guerra Mundial de 450 quilos no final de julho.

Segundo o Exército italiano, no início de agosto o artefato foi transportado para um lugar seguro e detonado sob condições controladas, de modo a não causar danos. Para a operação de retirada, cerca de 3 mil habitantes tiveram que deixar suas casas nas margens do rio mais longo da Itália.

Nascente do Tâmisa se desloca

O Tâmisa é parte da identidade de Londres, assim como o Palácio de Buckingham ou as Casas do Parlamento. No entanto ele nasce próximo ao lugarejo de Kemble, no sudoeste da Inglaterra. Ou pelo menos nascia, até algum tempo atrás.

A partir de 2006, a nascente do rio se deslocou 1,5 quilômetro para sudoeste, devido à seca. E no verão de 2022, as circunstâncias são tão devastadoras que o Tâmisa só começa 8 quilômetros abaixo de sua nascente original.

Loire e a refrigeração de reatores nucleares

Quando se fala do rio Loire, na França, pensa-se em paisagens pitorescas e castelos de contos de fadas. Mas em suas margens também se situa a usina de Belleville, por exemplo. Não é mero acaso: instalações nucleares ficam sempre perto da água para facilitar a refrigeração dos reatores.

Em contrapartida, regras rigorosas determinam até que temperatura as águas fluviais podem ser aquecidas, para proteção da flora e fauna dentro do rio e em torno dele. Quando se alcança o limite máximo, as usinas têm que frear seu funcionamento, reduzindo a produção de energia.

Num país em que 56 reatores cobrem 70% da demanda de eletricidade, a situação é delicada neste verão extremamente quente: de um lado, os franceses ligam seus ventiladores e ares-condicionados no máximo; do outro, a Rússia suspendeu o fornecimento de gás para a França através de gasodutos.

Trutas do Danúbio em perigo

No Danúbio, os níveis estão baixos demais, e as temperaturas, perigosamente elevadas. Lá onde ele atravessa o Alto Palatinado, no estado alemão da Baviera, durante sete dias seguidos no começo de agosto as águas ficaram a mais de 25ºC, e o governo da região prevê que elas ultrapassarão  26,5ºC.

Isso compromete a taxa de oxigênio na água: se ela ficar abaixo de 6 miligramas por litro, isso pode significar a morte para alguns peixes, como a truta. Por isso, o governo local decretou um nível de alerta que permite proibir obras de escavação e outras medidas passíveis de piorar a situação ecológica do Danúbio. Na tentativa de salvar os peixes, as autoridades podem até mesmo suspender a operação de estações de tratamento de esgoto.