Nem Lula, nem Raoni. O vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2019 é o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed Ali.

Segundo a Academia Sueca, Ahmed Ali venceu por seus “esforços para obter paz e cooperação internacional e, em particular, por sua iniciativa decisiva para resolver o conflito de fronteiras com a vizinha Eritreia”.

O prêmio também tem a intenção de reconhecer todas as partes trabalhando pela paz e reconciliação na Etiópia e nas regiões Leste e Nordeste da África.

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Quando Abiy Ahmed se tornou Primeiro Ministro, em 2018, ele deixou claro que desejava retomar as negociações de paz com a Eritreia. Em cooperação com o presidente da Eritreia, Isaias Afwerki, Ahmed Ali desenvolveu os princípios de um acordo de paz entre os países. Uma das premissas para o acordo com a disposição de Ahmed Ali em aceitar a arbitração de uma comissão internacional.

Segundo a Academia, apesar de ainda ser necessário muito trabalho em direção à paz na Etiópia, Abiy Ahmed começou reformas importantes que deram aos cidadãos esperança por uma vida e um futuro melhores. O político passou seus 100 primeiros dias como Primeiro Ministro levantando o estado de emergência do país, concedendo anistia a milhares de prisioneiros políticas, derrubando a censura na mídia, legalizando grupos de oposição que eram considerados fora da lei, afastando líderes militares e civis suspeitos de corrupção e aumentando significativamente a influência de mulheres na política e na vida comunitária da Etiópia. Ele também prometeu fortalecer a democracia com eleições livres e justas.

Ahemed Ali também se engajou em outros processos de paz e reconciliação no Leste e Nordeste da África. Em setembro de 2018, ele e seu governo contribuíram ativamente para a normalização das relações diplomáticas entre Eritreia e o Djibouti, depois de muitos anos de hostilidade entre os dois países. Além disso, o Primeiro Ministro também mediou uma disputa por uma área marinha entre Quênia e Somálila.

O político também ajudou a colocar o regime militar no Sudão em negociações com a oposição. Em agosto, as duas partes lançaram um esboço de uma nova constituição com a intenção de iniciar uma transição pacífica para um regime civil no país.

Na Etiópia, antigas rivalidades entre diferentes grupos étnicos irromperam em conflitos nos últimos meses. Cerca de 3 milhões de etíopes foram deslocados internamente por conta desses conflitos, sem contar com cerca de um milhão de refugiados e pessoas em busca de asilo em países vizinhos.

Para a Academia, algumas pessoas podem achar que é cedo para conceder um Prêmio Nobel da Paz para Ahmed Ali, já que esses conflitos ainda estão longe de serem totalmente resolvidos. Mas, para a organização, o Primeiro Ministro está buscando promover a reconciliação e a justiça social em seu país, e seus esforços merecem reconhecimento e precisam de encorajamento.

Ahmed Ali levará um prêmio de 9 milhões de coroas suecas, ou R$ 3,7 milhões.