Os cientistas John B. Goodenough, M. Stanley Whittingham e Akira Yoshino receberam o Prêmio Nobel de Química de 2019 pelo desenvolvimento das baterias de íons de lítio.

Esse tipo de bateria, leve, recarregável e poderosa, é usada hoje em celulares, laptops e veículos elétricos. Elas também são capazes de armazenar quantidades significativas de energia solar e eólica.

Sem a bateria de íons de lítio, não teríamos todos esses dispositivos portáteis que temos à nossa disposição hoje.

Em entrevista para o jornal “The Guardian”, o professor Mark Miodownik, especialista em materiais da Universidade College London, disse que o prêmio é merecido, pois a bataeria é um dos materiais que mais influenciaram a vida moderna no planeta. “É notável que, apesar dessa tecnologia ter cerca de 30 anos de idade, ela ainda não tenha sido ofuscada por outra tecnologia melhor, o que nos faz perceber que descoberta notável ela ée

Cada vencedor do Nobel contribuiu com o desenvolvimento das baterias de uma maneira. As bases para a criação dessa tecnologia começaram nos anos 1970, durante a crise do petróleo.

Na época, o britânico M Stanley Whittingham, hoje professor na Universidade de Binghamton, começou a estudar métodos que levassem a tecnologias livres de combustíveis fósseis. Ele desenvolveu uma bateria que usava lítio metálico no anodo (um dos polos da bateria) e íons de lítio “embrulhados” dentro de dissulfeto de titânio no catodo (o outro polo da bateria). Mas essa bateria era muito explosiva para ser viável.

Na década de 1980, o americano John Goodenough, na época na Universidade de Oxford, que substituiu o dissulfeto de titânio por óxido de cobalto, algo que dobrou a voltagem produzida, descoberta que levou a baterias muito mais poderosas. Aos 97 anos, o cientista tornou-se o vencedor do Nobel mais velho da história.

Tendo a bateria de Goodenough como base, o pesquisador japonês Akira Yoshino, hoje na Universidade de Meijo, no Japão, criou a primeira bateria de íons de lítio viável comercialmente, em 1985. Em vez de usar o lítio metálico no anodo, ele usou coque de petróleo.

O resultado final foi uma bateria leve, que podia ser carregada centenas de vezes antes de sua performance cair. Sua vantagem é que ela não é baseada em reações químicas que quebram os eletrodos, mas nos íons de lítio que se movem para frente e para trás entre o anodo e o catodo.