Promessas tímidas

A recente visita da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos rendeu as primeiras propostas de metas climáticas do Brasil no ano da COP21, a conferência do clima de Paris, em dezembro. Ao lado do presidente americano, Barack Obama, ela anunciou que o país pretende restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares até 2030, mesmo ano que marcaria o término do desmatamento ilegal. Os governos brasileiro e americano se propuseram ainda a elevar a 20% o percentual de fontes renováveis em sua matriz energética até 2030, sem considerar a geração hídrica.


Pela proposta, os desmatamentos ilegais no Brasil desapareceriam até 2030

Para os EUA, isso representa o triplo do percentual de hoje; para o Brasil, o dobro. Cientistas e ambientalistas saudaram a iniciativa, mas lamentaram a pouca ambição dos compromissos assumidos. O físico José Goldemberg, por exemplo, considera que as propostas não são novas e a meta de energias renováveis na matriz energética pode significar um aumento absoluto nas emissões de CO2. Carlos Rittl, secretário-geral do Observatório do Clima, observa que todos os demais países tropicais já haviam se comprometido a zerar o desmatamento ilegal até 2030, e o fato de o Brasil ter proposto isso agora sugere que aceita conviver com ilegalidades no setor por mais 15 anos.

 

Mais dinheiro para energias renováveis

Bill Gates, o fundador da Microsoft e diretor da Bill and Melinda Foundation, a maior instituição beneficente do mundo, anunciou em junho que investirá US$ 2 bilhões em energias renováveis nos próximos cinco anos. É o dobro do que o bilionário já aplicava no setor. Gates, porém, ainda não aceita retirar dinheiro de empresas ligadas aos combustíveis fósseis, alegando que essa ação teria impacto limitado. Em vez disso, prefere investimentos de “alto risco” em tecnologias inovadoras para carros.

 

Novos recordes do avião solar

O Solar Impulse 2, avião movido a energia solar, concluiu em 3 de julho a etapa mais longa da sua volta ao mundo, com quebras de recorde em distância percorrida e duração de voo. A aeronave pousou no Aeroporto Kalaeloa, no Havaí, após uma viagem sem escalas de 7.200 quilômetros desde Nagoia, no Japão, em 117 horas e 52 minutos – quase cinco dias inteiros. O suíço André Borschberg (cofundador, com Bertrand Piccard, do projeto Solar Impulse) foi o piloto nesse trecho sobre o Oceano Pacífico, considerado o mais perigoso desde o começo da empreitada. Iniciada em março, a volta ao mundo do Solar Impulse 2 deverá ser concluída por volta de agosto ou setembro.

 

Cerveja sustentável

O pinhão é a semente da araucária, espécie da Mata Atlântica que ocupa hoje menos de 3% de sua cobertura original, e uma parceria das fundações Grupo Boticário de Proteção à Natureza e Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (Certi) desenvolveu uma forma inovadora de protegê-la: uma cerveja feita a partir de pinhões produzidos segundo padrões sustentáveis. A bebida é fabricada apenas quando a extração do pinhão é autorizada. Pelas normas, os produtores devem reduzir o impacto de atividades prejudiciais à regeneração da floresta. Para 2015, a cervejaria Insana, responsável pela produção, envasou 45 mil garrafas, destinadas sobretudo aos mercados de São Paulo, Rio de Janeiro e Região Sul.

 

Caminhões menos poluentes

O governo americano não perdeu tempo: em 19 de junho, um dia após a divulgação da “encíclica verde” do papa Francisco, anunciou novas regras destinadas a aprimorar a eficiência de combustível para caminhões de porte médio e grande produzidos no país, a fim de reduzir a poluição. Os novos padrões deverão baixar as emissões de dióxido de carbono em cerca de 1 bilhão de toneladas métricas, cortar os custos com combustível em cerca de US$ 170 bilhões e reduzir o consumo de petróleo em até 1,8 bilhão de barris durante o tempo de vida dos veículos vendidos a partir de agora. O secretário de Transportes dos EUA, Anthony Fox, declarou que as novas regras ajudarão o ambiente e a economia, uma vez que os caminhões vão economizar combustível e os custos de frete cairão.

 

Gases-estufa no tribunal

Novecentos cidadãos holandeses abriram um precedente mundial ao conseguir, em junho, que um tribunal do país ordenasse o governo local a limitar as emissões de gases causadores do efeito estufa em pelo menos 25% até 2020, considerando-se os níveis de 1990. Na sentença, o juiz Hans Hofhuis diz que as partes concordam que a severidade e a magnitude da mudança climática torna necessário tomar medidas para reduzir as emissões de gases-estufa. Ambientalistas afirmam que a ação, iniciada em abril, serve como um modelo para outros países.

 

Empresas + verdes


A Tetra Pak, indústria de envasamento de alimentos, está usando novos sistemas de filtragem de água que reciclam até 95% do líquido consumido no processo produtivo pelos equipamentos. Além disso, os equipamentos aumentam o tempo de vida útil do componente de abastecimento por meio da melhor qualidade da água, evitando o desperdício.


A Toyota, por meio da Fundação Toyota do Brasil, está doando os uniformes usados por seus colaboradores à Cooper Art Camp, cooperativa de costureiras de Indaiatuba (SP), para serem convertidos em outros artigos. Desde 2012, quando a ação foi iniciada, já foram produzidos 16 mil itens. A iniciativa ajuda a reduzir impactos ambientais e a gerar renda.


A Electrolux, fabricante de eletrodomésticos, economizou 50% de água e 25% de energia por produto fabricado desde 2008. Contribuíram para isso diversas medidas inseridas no Programa de Melhoria Contínua da empresa, como o reúso da água de laboratórios e banheiros e o aumento de eficiência nos processos produtivos a partir da troca de máquinas.


A Ypê, indústria do segmento de higiene e limpeza, ampliou o Projeto Florestas Ypê com o plantio de mais de 50 mil mudas de espécies nativas da Mata Atlântica. A iniciativa, que faz parte da parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica, atingirá a marca de 550 mil árvores plantadas até o fim deste ano em áreas de mata nativa.