Jornais da Alemanha destacam sucesso da empresária Luiza Trajano, a força da energia verde brasileira e as iniciativas do povo indígena Krikati e de um fazendeiro para combater o desmatamento florestal.Frankfurter Allgemeine Zeitung – A mulher de maior sucesso do Brasil (07/11)

Com sua rede de varejo, Luiza Helena Trajano se tornou a mulher mais rica do Brasil. Muitos creem que ela pode se tornar presidente.

Neste ano aconteceu algo especial com Luiza Helena Trajano. E isso é peculiar, porque a brasileira, com seus mais de 70 anos, na verdade já viveu tudo o que se pode imaginar: Trajano, que no Brasil todos chamam apenas de dona Luiza, é a mulher mais rica do país, com um patrimônio líquido estimado em cerca de 2,4 bilhões de dólares. Ela é dona de uma das redes varejistas mais populares do Brasil, que também leva seu primeiro nome: Magazine Luiza. Ela também é uma feminista engajada, que com seu movimento Mulheres do Brasil agita a cultura machista do Brasil: 50% de todos os cargos públicos deveriam ser ocupados por mulheres, é uma de suas reivindicações. E, por último, mas não menos importante, Luiza Helena Trajano também é uma das mais destacadas defensoras da vacinação no país, cujo presidente, Jair Bolsonaro, ainda minimiza o coronavírus como uma “gripezinha”.

Mas nada disso se compara com a homenagem que Trajano recebeu há algumas semanas. A revista americana Time elegeu a brasileira do estado de São Paulo como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. Nenhum empresário no Brasil conseguiu isso antes.

Como essa fenomenal história de sucesso pode ser explicada? Pode-se citar o amigo próximo de Trajano, Luiz Inácio Lula da Silva, mais conhecido como Lula, que governou o Brasil de 2003 a 2010. Depois que a notícia dos Estados Unidos foi divulgada, o ex-presidente disse: “Ela realizou uma grande conquista. Assumiu o desafio de construir um gigante comercial enquanto constrói um Brasil melhor.”

Der Tagesspiegel – A lei da selva (03/11)

Os Krikati, um povo de cerca de 1.300 pessoas, não querem sentar e assistir passíveis aos ataques. Eles decidiram defender suas terras: suas florestas, seus rios, suas aldeias e, por último, mas não menos importante, seu modo de vida. Por isso fundaram uma guarda florestal, os “Guardiões da Floresta”, na sua língua: Pji Jamyr Catiji.

No total, 14 homens e uma mulher fazem parte do grupo de voluntários, que patrulham a reserva com a maior frequência possível. Como na guerra, usam botas pesadas e uniformes verde-oliva comprados de doações, e nas costas, a foto de uma onça rugindo. Eles se armam com facões e espingardas.

E com seus cinco sentidos. Em sua busca pelo esconderijo dos madeireiros, os Krikati notam cada galho quebrado. Uma vez eles seguiram pequenos rastros de sangue que os levaram aos restos de um macaco estripado em folhas de bananeira. Mais tarde naquela noite, eles ouviram os ecos imperceptíveis de um tiro distante disparado por um caçador na reserva.

“Nosso trabalho é perigoso”, diz Wilson Krikati, o mais velho da expedição aos 53 anos. Houve trocas de tiros várias vezes, mas ninguém ficou ferido. “Fazemos isso por nossos filhos e netos. Sem nossa terra, eles não teriam mais vida alguma.”

Os Krikati defendem muito mais do que apenas sua reserva. Eles protegem ao mesmo tempo o resto da humanidade, que enfrenta a questão fatídica sobre como a mudança climática ainda pode ser retardada. Decisiva para isso é uma floresta intacta na Bacia Amazônica, capaz de absorver enormes quantidades de carbono e também funcionar como uma gigantesca máquina de circulação de água, que a leva a grandes regiões da América do Sul que, de outra forma, se tornariam desertos. Em algumas áreas, esse processo já foi iniciado.

Süddeutsche Zeitung – Subjugai a terra (04/11)

Enquanto Jair Bolsonaro finge querer salvar a Amazônia em Glasgow, mais floresta está sendo destruída no Brasil de forma como há muito não acontecia. Agora, exatamente um criador de gado quer acabar com essa loucura.

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No Brasil, há muito tempo existe mais gado do que humanos. Existiriam atualmente mais de 218 milhões de animais. Só no ano passado, quase quatro milhões de novos bovinos foram adicionados, enquanto mais de 8 mil quilômetros quadrados de Floresta Amazônica foram cortados, uma área quase do tamanho de Porto Rico.

A pecuária é um dos principais motores da economia do maior país da América do Sul e um dos principais motores do desmatamento. O fato de que mais de cem países já concordaram na cúpula do clima em Glasgow com o objetivo de parar o desmatamento global até 2030, e que até o Brasil e seu governo de direita sob Jair Bolsonaro disseram que querem ajudar: tudo isso é um sucesso. Mas nada mais é do que uma promessa caso os fazendeiros não sejam convencidos a colaborar. E exatamente em Marupiara pode estar uma chave para isso.

Enquanto as motosserras estão gritando por toda a Amazônia, eles até mesmo reflorestaram em sua fazenda de gado. “Aqui, aqui e aqui”, diz Alexandre Dias, apontando áreas pontilhadas no mapa do escritório da fazenda. Mas não só aumentou o número de árvores em Marupiara, mas também o de gado. Vinte anos atrás, eram apenas 300, no próximo ano poderiam ser 3 mil. “Os limites para cima estão abertos”, diz Dias. Em breve podem ser 4 mil cabeças de gado, ou 5 mil.

Handelsblatt – Brasil experimenta seu milagre verde (10/11)

Aço verde e hidrogênio: não graças, mas apesar da política governamental, investimentos privados em fontes de energia sustentáveis ​​geram uma reviravolta. As empresas alemãs estão bem posicionadas neste aspecto.

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O boom de energia verde do Brasil é surpreendente. Afinal, o governo do presidente Jair Bolsonaro é mais conhecido por seus ataques às instituições ambientais e por sua ignorância sobre a proteção do clima e a proteção das florestas tropicais e da Amazônia.

Os governos anteriores também hesitaram muito antes de promover energias sustentáveis. No entanto, o Brasil tem uma das produções de eletricidade mais limpas do mundo e a maior participação de energias renováveis ​​(43%) no total do consumo final de energia final entre os 20 países industrializados mais importantes (G20).

As empresas europeias agora também querem usar essa base para atingir seus objetivos climáticos, por exemplo, por meio do uso de hidrogênio verde ou “aço verde” no Brasil. As empresas alemãs estão bem posicionadas no que diz respeito à conversão climática.