Os últimos protestos nas ruas contra Bolsonaro e as 500 mil mortes em decorrência do coronavírus foram destaque na mídia da Alemanha.Frankfurter Allgemeine Zeitung – Eco de meio milhão de mortos (21/06)

Dezenas de milhares de manifestantes foram às ruas no Brasil no sábado para protestar contra o governo do presidente Jair Bolsonaro. Os manifestantes pediram, entre outras coisas, o impeachment de Bolsonaro e o progresso na campanha de vacinação. Houve manifestações em quase todas as grandes cidades. Centenas de milhares de participantes foram contados somente na metrópole de São Paulo. Manifestantes também se reuniram no exterior. Depois de os protestos contra o Bolsonaro ocorrerem por um longo tempo de forma virtual ou nas sacadas, eles agora estão se saindo cada vez mais às ruas. Foi a segunda manifestação em grande escala contra Bolsonaro nas últimas semanas.

Os protestos caíram no dia em que o Brasil ultrapassou a marca de meio milhão de mortes relacionadas ao coronavírus. Mesmo no início da pandemia, temia-se que o Brasil seria um dos países mais severamente afetados. Mas a extensão é assustadora. Um em cada 400 brasileiros foi vítima da pandemia. As restrições econômicas e a falta de disciplina de muitos brasileiros favorecem a disseminação de infecções.

Já faz algum tempo que os críticos de Bolsonaro chamam o presidente de “genocida”. Especialistas em direito internacional apontam, com razão, que a denominação não é aplicável no caso da tragédia de coronavírus brasileira, apesar de sua escala. O que é indiscutível, porém, é que Bolsonaro minimizou a pandemia desde o início e criticou as medidas de distanciamento social e até o uso de máscara. O presidente do Brasil fechou-se às recomendações da ciência. Ele acredita que o vírus pode ser detido com medicamentos como a cloroquina, cuja eficácia contra o coronavírus não foi comprovada. Dois ministros da Saúde que não apoiaram este curso de ação tiveram que deixar o cargo durante a pandemia.

Stern – “Fora Bolsonaro”: cresce revolta por gestão da pandemia no Brasil (21/06)

Desde o início, o presidente Bolsonaro minimizou a pandemia como uma “gripezinha” e se opôs veementemente a lockdowns. Quando o país foi abalado por uma violenta segunda onda de coronavírus no início do ano, estados e municípios tomaram medidas de contenção de forma independente – e foram criticados por Bolsonaro por causa dos efeitos econômicos.

E em muitas cidades brasileiras ainda impera uma normalidade enganosa: lojas, restaurantes e bares estão abertos, muitas pessoas estão nas ruas. Sem máscara, sem distanciamento. Mas uma olhada nos hospitais mostra a gravidade da situação: em 19 dos 27 estados, as unidades de terapia intensiva estão com mais de 80% de ocupação, em oito deles, até 90% de ocupação.

Os manifestantes acusaram o polêmico chefe de Estado neste sábado de ter promovido a rápida disseminação do coronavírus por meio de sua banalização pública da pandemia. A recusa de Bolsonaro em reconhecer os perigos representados pelo coronavírus é “absurda”, afirma Robert Almeida, de 50 anos, durante uma passeata de protesto no Rio de Janeiro. Ele afirma que o chefe de Estado “disse adeus à realidade”. O cartaz de outro manifestante traz a inscrição “Meio milhão de razões para derrubar Bolsonaro”.

RND – Brasil está farto de Bolsonaro (20/06)

Em poucos dias, o Brasil quebrará a barreira de 500 mil mortes por covid-19. Em relação à população de cerca de 200 milhões de pessoas, isso significa: um ou uma em cada 400 brasileiros morreu em consequência de uma infecção de coronavírus. Principalmente nas favelas, onde as pessoas vivem muito próximas, quase todas as famílias conhecem um caso nas proximidades. Em uma comparação global, o enorme país está, com 233 mortes por 100 mil habitantes (segundo a Universidade Johns Hopkins) em nono lugar, atrás do Peru (582) e de oito países europeus.

No centro das críticas está o presidente populista de direita Jair Bolsonaro. A oposição o acusa de “genocídio” porque ele atrasou o fornecimento de vacinas e minimizou a doença desde o início. Mais recentemente, Bolsonaro foi pego no fogo cruzado das críticas por levar a Copa América ao país, que foi retirada dos países previstos como anfitriões por motivos de pandemia na Argentina e devido a protestos sociais na Colômbia.

md (ots)