Parte do óleo de origem desconhecida que atingiu trechos do litoral de Pernambuco há quase 50 dias e que voltou a afetar a costa pernambucana na semana passada atingiu pelo menos mais três lugares, totalizando cinco novas localidades afetadas desde a madrugada de ontem (23 de outubro). Na quarta-feira, além das praias de Barra de Jangada, em Jaboatão dos Guararapes, e da Praia do Janga, em Paulista, foi confirmada a presença de porções de resíduos contaminantes na Ilha do Amor, em Cabo de Santo Agostinho, e na praia de Pau Amarelo, também em Paulista.

Na quinta-feira (dia 24), parte do material atingiu as praias de Pilar, na Ilha de Itamaracá, no litoral norte pernambucano. Em um vídeo divulgado pelas redes sociais, o secretário municipal de Meio Ambiente, Clóvis Barreto, exibiu fragmentos de óleo emulsificado espalhados por um trecho de cerca de 500 metros da praia de Pilar e voluntários ajudando a limpar o local.

“É com muita tristeza que confirmamos esta realidade”, disse Barreto. “Já informamos oficialmente a Marinha e a CPRH [Agência Pernambucana de Meio Ambiente]. Equipes estão chegando com mais EPIs [Equipamentos de Proteção Individual] para apoiar as equipes de voluntários estão nos apoiando a fazer a coleta deste material. Enquanto isso, estamos procurando enfrentar este desafio com a solidariedade do povo da Ilha de Itamaracá”, concluiu o secretário, destacando o esforço para tentar recolher todo o material antes que a maré volte a subir.

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Ajuda de presos

Além de moradores da cidade, a coleta do material e a limpeza da praia conta com o auxílio de 60 presos que cumprem pena no regime semiaberto. Usando EPIs, desde às 9 horas eles ajudam a recolher parte do óleo em sacos de lixo, escoltados a todo momento por agentes penitenciários.

A iniciativa já ocorreu em outras áreas afetadas. Segundo o governo estadual, todos os detentos que participam da iniciativa são considerados de bom comportamento e se voluntariaram para o trabalho em troca de ter sua pena reduzida, conforme prevê a legislação penal.

Só em Pernambuco, 958 toneladas de óleo e resíduos foram recolhidas até o dia 23. Todo o óleo e material contaminado pelo produto está sendo armazenado no Centro de Tratamento de Resíduos Pernambuco, em Igarassu. A intenção inicial da Agência Estadual de Meio Ambiente é que, depois de tratado, o material tenha destinação definitiva. Segundo a agência estadual, o aterro foi projetado para receber resíduos classificados pela legislação ambiental como perigosos, como é o caso do óleo cru, cujas características ainda não são totalmente conhecidas.

As autoridades recomendam que as pessoas evitem tocar as manchas de óleo sem luvas de borracha. Caso o produto entre em contato direto com a pele, é recomendável limpar imediatamente a área atingida, utilizando gelo e óleo de cozinha. Em caso de reação alérgica, a pessoa deve procurar atendimento médico.