O material produzido pelo Hubble ao longo desse período impulsionou decisivamente o conhecimento humano sobre a imensidão cósmica.

 

Existem na Terra lugares praticamente imunes à poluição atmosférica ou luminosa, perfeitos para a instalação de telescópios, como o deserto do Atacama e o Havaí. Mas um telescópio posicionado em órbita eliminaria definitivamente a possibilidade desse tipo de problema ocorrer, garantindo imagens nítidas do universo. Esse foi o pensamento por trás da concepção do Hubble, o primeiro dos Grandes Observatórios Espaciais planejados pela Nasa, a agência espacial norte-americana, para observar o universo em quatro diferentes comprimentos de onda – luz visível, raios infravermelhos, raios gama e raios X. O Hubble foi pioneiro ao mostrar estrelas além da nossa galáxia e permitir o estudo de estruturas cósmicas até então desconhecidas ou pouco exploradas. Seu nome homenageia o astrônomo americano Edwin Powell Hubble, o primeiro a descobrir que o universo está em expansão.

Levado ao espaço em 1990, a bordo do ônibus espacial Discovery, o telescópio foi concebido 44 anos antes, mas inúmeros problemas orçamentários e atrasos adiaram sua conclusão. Semanas depois do seu lançamento, ele já apresentou um problema sério em seu espelho principal, que ameaçava sua operacionalidade. Uma missão especial enviada em 1993 corrigiu o problema, e outras quatro missões, realizadas em 1997, 1999, 2002 e 2009, conseguiram dar uma longa sobrevida ao telescópio, trocando peças defeituosas ou obsoletas por outras com tecnologia mais moderna. Com isso, os 15 anos de vida previstos originariamente devem se transformar em pelo menos 30 anos. A sobrevida ameniza os custos elevadíssimos do empreendimento, que em 2010 rondavam US$ 10 bilhões.

O Hubble gira em torno da Terra a cerca de 570 quilômetros de altitude. Como as missões de serviço enviadas a ele seguiam em ônibus espaciais, aposentados pela Nasa em 2011, ele não poderá mais ser consertado nem ter sua órbita corrigida. A última missão que foi até ele, em 2009, instalou no telescópio um dispositivo que permitirá futuramente sua captura para posterior descarte seguro. Bem antes disso, porém, o Hubble já garantiu seu lugar na história como um marco do engenho humano.