A onda de calor que assola a porção ocidental da América do Norte, na fronteira entre EUA e Canadá, causou um terremoto de gelo no Alasca, no extremo noroeste do continente. Na última segunda-feira (28/6), um terremoto de magnitude 2,7 foi registrado na região de Juneau. O tremor não foi causado por movimentos da crosta terrestre, mas sim em razão dos efeitos do calor intenso e repentino nas camadas congeladas do solo. O processo forma rachaduras no gelo, que podem produzir ondas sísmicas similares àquelas registradas em terremotos normais.

Outro tremor da mesma natureza foi registrado na quarta-feira (30/6), este com magnitude 2,6. Em Anchorage, maior cidade do Alasca, os termômetros chegaram a superar os 32°C no final de semana. Autoridades locais suspenderam a queima de fogos de artifício nas celebrações do Dia da Independência dos EUA por causa do risco de incêndio florestal. Gizmodo, Phys, Newsweek e Veja repercutiram os efeitos do calor no Alasca.

No Guardian, o cientista Jonah Rockström comentou o forte calor na América do Norte, dizendo que este supera os piores cenários dos modelos climáticos. É um risco – o de um sério impacto climático regional provocado pelo aquecimento global – que subestimamos até agora. Entre os que vivem no noroeste dos EUA e sudoeste do Canadá, área mais afetada pelo calor, a experiência tem sido o choque definitivo para convencer os últimos céticos da mudança do clima.

Aumento no número de relâmpagos

Para piorar, além do calor, o sudoeste canadense também vem registrando relâmpagos em uma quantidade quase dez vezes acima do normal. Segundo a Reuters, a Colúmbia Britânica contabilizou mais de 710 mil relâmpagos entre as 15h de quarta-feira e 6h de quinta-feira (1/7). Com os relâmpagos, vem o fogo, o que começa a trazer preocupações extra para as autoridades e os moradores.

Associated Press, BBC, Bloomberg, El Pais, Financial Times, Independent, NY Times e Washington Post também destacaram a intensificação do calor na porção ocidental da América do Norte.

Em tempo: No Oregon, em Washington e no oeste do Canadá, as autoridades estão investigando mais de 800 mortes potencialmente ligadas ao calor devastador. Passarão meses até que os peritos saibam exatamente quantas dessas mortes podem ser especificamente atribuídas às mudanças climáticas. Mas os pesquisadores especializados na ciência da atribuição se dizem “virtualmente certos” de que o aquecimento global provocado pelas emissões humanas de gases com efeito de estufa desempenha um papel central. É um sinal de quão perigosa a crise climática se tornou – e de quão pior ainda pode vir a ser.