Relatório do Unicef aponta que uma em cada 7 pessoas entre 10 e 19 anos no mundo sofre com distúrbios mentais. Órgão das Nações Unidas diz que restrições do coronavírus geraram efeitos adicionais a longo prazo.Um em cada sete jovens entre 10 e 19 anos no mundo sofre de um distúrbio mental diagnosticado, como ansiedade, depressão e problemas comportamentais, segundo um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgado nesta terça-feira (05/10).

A agência da ONU alerta que as restrições da pandemia de coronavírus provocaram, quanto a isso, efeitos adicionais que são “sérios” e que serão perceptíveis “ao longo de muitos anos”.

Segundo a diretora-executiva do Unicef, Henrietta Fore, as consequências da covid-19 para o estado psicológico de crianças e adolescentes são “apenas a ponta do iceberg, porque muitas crianças sofriam de estresse psicológico antes da pandemia”.

“Foram longos 18 meses para todos nós – especialmente para as crianças”, afirma Fore, através de nota.

O Unicef destacou que existe uma grande lacuna mundial entre a necessidade de serviços de ajuda e os recursos disponíveis para o tratamento de problemas e transtornos mentais em jovens. Os governos estão gastando menos de 2% de seus orçamentos de Saúde com o assunto, segundo o relatório, intitulado A Situação Mundial da Infância 2021, que pela primeira vez enfoca a saúde mental.

“Muito pouco investimento vem sendo feito por governos para atender a essas necessidades críticas. Não é dada importância suficiente à relação entre a saúde mental e as consequências para a vida futura”, destaca a diretora-executiva do Unicef.

Um suicídio a cada 11 minutos

De acordo com o Unicef, cerca de 46 mil jovens entre 10 e 19 anos cometem suicídio todos os anos – ou um jovem a cada 11 minutos. Na faixa etária de 15 a 19 anos, o suicídio é a quarta causa de morte mais comum, depois de acidentes de trânsito, tuberculose e atos de violência.

“Promover a saúde mental dos jovens não é um luxo, mas uma importante contribuição para o seu bem-estar, seu desenvolvimento e sua participação na vida em nossa sociedade”, explicou Christian Schneider, diretor-executivo do Unicef na Alemanha. “Temos que tirar o assunto do tabu e dar às crianças e jovens o apoio de que precisam.”

De acordo com o Unicef, pelo menos uma em sete crianças foi afetada por lockdowns nacionais durante a pandemia de coronavírus e 1,6 bilhão de crianças deixaram de ir à escola. Devido às restrições sanitárias decorrentes da pandemia, muitos estariam sofrendo com sentimentos de medo, raiva ou preocupação, tanto no ambiente escolar como familiar.

De acordo com os resultados de uma pesquisa internacional realizada neste ano por Unicef e o instituto americano Gallup em 21 países, um em cada cinco jovens (19%) com idades entre 15 e 24 anos afirma que muitas vezes se sente deprimido ou tem pouco interesse em ter ou realizar algum tipo de atividade. Na Alemanha, um em cada quatro jovens entrevistados fez essa afirmação (24%).

No Brasil, dados compilados pela startup do setor de seguros Azos a partir de cruzamento de informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, entre 2014 e 2019, o número de suicídios de jovens entre 11 e 20 anos dobrou no país.

O Unicef exortou os governos, os setores privado e o público a protegerem melhor a saúde mental de crianças e jovens afirmando que mais investimentos são necessários com urgência, não apenas no setor de saúde.

“O silêncio sobre as doenças mentais deve ser quebrado”, alerta o Unicef. “Uma boa saúde mental é fundamental para ajudar as crianças a atingirem seu potencial”, diz a diretora-executiva do Unicef, Henrietta Fore.

Problemas de saúde mental diagnosticados, tais como transtorno de hiperatividade, ansiedade, autismo, transtorno bipolar, transtornos de comportamento, depressão, transtornos alimentares, incapacidade intelectual e esquizofrenia podem prejudicar significativamente a saúde, educação, condições de vida e capacidade de ganho de crianças e jovens.

Embora o impacto na vida das crianças seja incalculável, uma nova análise da London School of Economics and Political Science, também incluída no relatório, revela que as perdas econômicas decorrentes de perturbações mentais que levam à deficiência ou à morte entre os jovens são estimadas em quase 335 bilhões de euros.

md (AFP, EFE, AP)

Se você enfrenta problemas emocionais e tem pensamentos suicidas, não deixe de procurar ajuda profissional. Você pode buscar ajuda neste site: https://www.befrienders.org/portugese