O fanatismo dos extremistas muçulmanos que atacaram o jornal satírico Charlie Hebdo em Paris, em janeiro, pode sugerir aos leigos em islamismo a impressão de que o mundo lida com 1,6 bilhão de crentes tresloucados. Nada mais falso. Um exame mais atento revela que há no interior dessa venerável e tolerante religião – a que mais cresce no mundo – inúmeras divisões causadas por divergências em relação a vários aspectos da crença. Nenhum muçulmano discute que Alá é o único Deus, Maomé é seu profeta e o Alcorão, o livro sagrado. Mas, a partir daí, as diferenças se multiplicam. Estima-se que existam mais de 70 correntes, a maioria derivada de três troncos principais, o sunismo, o xiismo e o sufismo.

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O ramo majoritário é o sunita (85% dos fiéis), formado pelos adeptos da Suna, o livro dos grandes feitos de Maomé, dominante na Arábia Saudita, no Paquistão e na Indonésia. Os minoritários xiitas, dominanantes no Irã (12% dos crentes globais) acreditam que, após a morte de Maomé e sua sucessão por quatro califas – o último dos quais seu genro Ali, casado com sua filha Fátima –, o comando do Islã deveria permanecer entre os familiares do profeta. Já os sufis formam uma fragmentária tendência místico-contemplativa, distante dos assuntos seculares e voltada para o autoconhecimento. Dentro de cada tronco há vários cultos diferentes e rivais, tal como no cristianismo existem católicos, luteranos e calvinistas. Veja as principais correntes e seitas islâmicas e a localização de seus adeptos no mundo.