Líderes políticos e empresariais de diversos países, entre eles o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a secretária de Estado dos Estados Unidos, HillaryClinton, e a diretora- geral da Unesco, Irina Bokova, lançaram, em junho, a Parceria Global para a Educação de Moças e Mulheres, durante um fórum realizado na sede da Unesco, em Paris. Em todo o mundo, cerca de 39 milhões de jovens estão alijadas, atualmente, do ensino fundamental ou do médio, e dois terços dos 796 milhões de adultos analfabetos são mulheres. Apenas um terço dos países do mundo conseguiu a paridade de gêneros no nível médio.

A parceria, que conta com empresas como Microsoft, Nokia, Procter and Gamble e Packard Foundation, vai se concentrar principalmente na educação de nível médio e na alfabetização de mulheres adultas, sobretudo na África e na Ásia. Um painel criado durante o fórum complementará os esforços defendendo os direitos de moças e mulheres em nível mundial e atuando como “consciência global” para o progresso dessas pessoas.

Arquivos da ditadura na memória do mundo

Os arquivos do regime militar brasileiro (1964-1985) foram inscritos no programa Memória do Mundo, da Unesco, em maio. A rede de informação e de contrainformação do período militar é composta por 17 lotes definidos pela agência da ONU como “essenciais à construção da história de regimes de exceção na América Latina na segunda metade do século 20 e à proteção dos direitos humanos”. O material inscrito engloba arquivos do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), depoimentos de militantes de organizações clandestinas e arquivos particulares. Há documentos que fazem referência a outros países sul-americanos que viveram em regimes militares no mesmo período, como Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai.

A inserção no programa Memória do Mundo busca facilitar a preservação do material inscrito, garantir o acesso universal (em especial pela digitalização de cópias e catálogos disponíveis na internet) e estimular a conscientização sobre a existência e o significado dessa herança documental. Além dos arquivos da ditadura brasileira, foram inscritos no programa 44 itens de outros países, entre os quais os arquivos da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, por inscrição conjunta de oito países, entre os quais Brasil, Gana e Estados Unidos. O acervo total comporta 238 itens.

Os documentos relativos à ditadura brasileira podem ser acessados no site Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil – Memórias Reveladas (www.memoriasreveladas.arquivonacional.gov. br). O endereço do site do programa Memória do Mundo é www.unesco.org

Um dos documentos relativos ao regime militar disponíveis no programa da Unesco.

Banda larga para todos: potencial e desafios

Os governos do mundo precisam formular e implementar rapidamente planos de banda larga multissetoriais se não quiserem correr o risco de ficar em desvantagem num ambiente digital cada vez mais veloz, alerta um relatório divulgado pela Comissão da Banda Larga para o Desenvolvimento Digital em junho, durante sua terceira reunião na sede da Unesco, em Paris.

Intitulado “Banda Larga – Uma Plataforma para o Progresso”, o relatório defende uma abordagem coordenada e de alcance nacional para o desenvolvimento da banda larga que fomente a competição de instalações e políticas que estimulem os provedores do serviço a oferecer acesso em um mercado equitativo.

Para países em desenvolvimento, a banda larga sem fio parece ser a plataforma ideal, ajudando no crescimento econômico, na criação de empregos e no compartilhamento de informações pelas comunidades, não importa quão isoladas sejam. Na China, por exemplo, “cada aumento de 10% da penetração da banda larga poderia contribuir para um crescimento adicional de 2,5% do PIB”. No Brasil, o acesso à banda larga já colaborou com 1,4% para a taxa de crescimento de emprego. A Comissão Europeia avalia que a banda larga poderia criar mais de 2 milhões de empregos na Europa.

2 milhões de empregos na Europa poderiam ser criados pela banda larga

O custo do acesso à banda larga ainda é um problema. Em 31 países os usuários pagam o equivalente a até 1% do PIB per capita mensal médio por uma conexão básica de banda larga. No topo da lista estão Mônaco, Macau (região administrativa especial da China), Liechtenstein, Estados Unidos e Áustria. Já no grupo das nações menos conectadas (que inclui os paísesmais pobres do mundo) o acesso à banda larga pode custar o dobro de um salário mensal ou mais. Enquanto os mercados avançados usufruem de uma penetração de banda larga acima de 30%, a maior parte do mundo luta com uma penetração igual ou menor do que 5%.

Brasileiros embaixadores da boa vontade

Os brasileiros Nizan Guanaes, Oskar Metsavaht e Vik Muniz foram nomeados Embaixadores da Boa Vontade da Unesco numa cerimônia realizada em maio, na sede da Unesco, em Paris. Guanaes, presidente do Grupo ABC de Comunicação, que engloba 18 empresas de propaganda, marketing, conteúdo para internet e entretenimento, realiza um trabalho contínuo de apoio às ações da Unesco em educação, inclusão social e promoção de grupos em situação de risco. Metsavaht, criador da marca de roupas esportivas Osklen, fundou o Instituto-E, organização carioca sem fins lucrativos que promove o desenvolvimento sustentável por meio de jovens voluntários, os e-brigadistas, parceiro de várias ações da Unesco.

Muniz, artista plástico paulista que vive em Nova York desde o fim dos anos 1980, tem dado diversas contribuições ao desenvolvimento social e educacional por meio de sua obra artística, na qual se destaca o documentário Lixo Extraordinário (2010), sobre o maior aterro sanitário da América Latina, o de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias (RJ).

Os Embaixadores da Boa Vontade da Unesco são personalidades destacadas que usam seu talento e fama para disseminar os ideais da organização. Entre os integrantes do grupo estão o ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela e a coreógrafa e bailarina cubana Alicia Alonso.