Um parente da estrela-do-mar e do ouriço-do-mar, o Ophiocoma wendtii, mostrou a cientistas que não é preciso ter olhos para ver. Segundo uma equipe internacional de pesquisadores liderada por Lauren Sumner-Rooney do Museu de História Natural da Universidade de Oxford (Reino Unido), esse ofiuroide usa a mudança de cor para navegar pelos recifes de coral. O estudo a esse respeito foi publicado na revista “Current Biology”.

Ao lado de colegas do Museum für Naturkunde (Alemanha), da Universidade de Lund (Suécia) e do Instituto de Tecnologia da Geórgia (EUA), Sumner-Rooney realizou centenas de experimentos comportamentais para testar a “visão” desses seres. Eles também a compararam com outra espécie que não consegue “ver, a O. pumila.

“Esses experimentos nos deram não apenas a primeira evidência que qualquer Ophiocoma wendtii é capaz de ver, mas apenas o segundo exemplo conhecido de visão em qualquer animal sem olhos”, afirmou Sumner-Rooney.

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Os animais procuraram áreas de contraste, que os pesquisadores acham que podem imitar estruturas que poderiam oferecer abrigo contra predadores.

Informações sobre o contraste

Baseados em uma combinação de observações microscópicas e sequenciamento de RNA, os pesquisadores consideram que, submetidas à luz, as células do animal que contêm pigmentos contraem os fotorreceptores. Isso significa que eles só podem receber luz de uma direção, fornecendo aos Ophiocoma wendtii informações mais detalhadas sobre o contraste de seu ambiente.

Embora pareça que a visão dos Ophiocoma wendtii seja muito grosseira, os espécimes mais perturbados nunca precisam olhar muito longe nos recifes tropicais lotados para tentar encontrar a cobertura mais próxima.

“É uma descoberta muito emocionante”, afirmou Sumner-Rooney. “Foi sugerido há 30 anos que a mudança de cor podia ser a chave para a sensibilidade à luz no Ophiocoma, por isso estamos muito felizes em poder preencher algumas das lacunas que permaneceram e descrever esse novo mecanismo.”

Embora este seja o primeiro sistema visual proposto para trabalhar com a mudança de cor de corpo inteiro, os cientistas também identificaram possíveis semelhanças com um ouriço-do-mar, parente distante do Ophiocoma wendtii. Essa espécie superou os mesmos testes de visão, e também, independentemente, muda de cor em resposta aos níveis de luz. Trabalhos futuros analisarão se esse ouriço-do-mar pode estar usando um mecanismo semelhante ao do Ophiocoma wendtii.