No dia 21 de junho, Mariusz Stepien estava com amigos prospectando com um detector de metais um campo perto de Peebles (Escócia, perto da fronteira com a Inglaterra) quando encontrou um objeto de bronze enterrado meio metro no subsolo. O grupo acampou no campo e construiu um abrigo para proteger o achado de intempéries climáticas. Os cuidados valeram a pena, informam os jornais “The Guardian” e “The Scotman”.

Enquanto recebia fortes sinais da terra ao redor do objeto inicial, Stepien contatou a Treasure Trove Unit da Escócia (órgão governamental responsável pela guarda e preservação de objetos de importância cultural do passado escocês). Chamados, arqueólogos passaram 22 dias no local, explorando a descoberta. O grupo de Stepien permaneceu acampado no local durante todo esse período.

Entre os itens encontrados estavam um arreio de cavalo completo, preservado pelo solo, e uma espada datada de 1000 a.C a 900 a.C. Também foram encontradas tiras decoradas, fivelas, anéis, enfeites e tampões de eixo de roda de carruagem. Descobriram-se ainda evidências de um “pingente de chocalho” decorativo do arnês – o primeiro encontrado na Escócia e apenas o terceiro no Reino Unido.

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O tesouro foi removido do local e levado para o National Museums Collection Centre, em Edimburgo, a capital escocesa.

Objetos fotografados logo após terem sido encontrados. Crédito: Crown Office Communications/PA
Descoberta significativa

Stepien disse: “Pensei que nunca tinha visto nada assim antes. Senti desde o início que isso poderia ser algo espetacular e eu acabei de descobrir uma grande parte da história escocesa. Eu estava na lua, tremendo de felicidade. Queríamos fazer parte da escavação do início ao fim.”

Ele acrescentou: “Jamais esquecerei aqueles 22 dias que passei no campo. Todos os dias surgiam novos objetos que mudavam o contexto do achado, todos os dias aprendíamos algo novo. Estou muito feliz que a terra me revelou algo que esteve escondido por mais de 3 mil anos. Ainda não consigo acreditar no que aconteceu.”

Emily Freeman, chefe da Treasure Trove Unit que supervisiona a recuperação e avaliação da descoberta, disse: “Esta é uma descoberta nacionalmente significativa – poucos tesouros da Idade do Bronze foram escavados na Escócia. Foi uma oportunidade incrível para nós não apenas recuperar artefatos de bronze, mas também material orgânico. Ainda existe muito trabalho a ser feito para avaliar os artefatos e entender por que foram depositados.”

Influência do lockdown

Freeman acrescentou: “Não poderíamos ter alcançado isso sem as ações responsáveis ​​do descobridor ou o apoio dos proprietários. O localizador agiu rapidamente quando percebeu que havia encontrado um tesouro in situ, o que resultou em a Treasure Trove Unit e os National Museums Scotland irem ao local poucos dias após a descoberta”.

O achado ressaltou a tendência de, com o lockdown (quarentena) britânico, entre março e maio, muitos amadores se dedicarem a explorar as proximidades de suas casas, o que resultou em algumas novidades relevantes. Peter Reavill, um oficial de ligação de descobertas do gênero no condado de Shropshire (Inglaterra), disse ao “The Guardian”: “Com tantas pessoas passando muito mais tempo em seus jardins, houve algumas descobertas realmente interessantes. Já vi alguns cachimbos, alguns pedaços de cerâmica e até ferramentas de sílex pré-históricas”.

Simon Maslin, oficial de ligação de descobertas nos condados de Surrey e Hampshire (Inglaterra), declarou ao “The Guardian” ter visto algumas descobertas espetaculares que forneceram informações sobre a história local. Ele disse: “São as coisas que parecem mais monótonas que, na verdade, tendem a ser mais importantes do ponto de vista arqueológico”.