Os suecos tiveram um novo e contundente exemplo da mudança do clima no planeta com a notícia de que seu ponto mais alto já não é exatamente o mesmo, informa o jornal “The Guardian”. O pico sul do monte Kebnekaise, antes o mais elevado do país e cujo cume é coberto por uma geleira, cedeu seu posto ao pico norte, que não é coberto de gelo.

O Kebnekaise está localizado no extremo norte da Suécia, a cerca de 150 quilômetros acima do Círculo Ártico. Desde que seus dois picos foram medidos pela primeira vez, em 1880, o sul vinha sendo o mais alto – em 2014, ele atingia 2.099 metros. Mas quando Gunhild Ninis Rosqvist (professora de geografia da Universidade de Estocolmo) e sua equipe fizeram as medições deste ano, em 3 de setembro, o pico norte era 1,2 metro mais elevado, com 2.096,8 metros.

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“Isso é um símbolo”, disse Rosqvist, que mede a geleira anualmente há vários anos. “Um sinal muito óbvio e claro para todos na Suécia de que as coisas estão mudando.”

Segundo a professora, desta vez a altura do pico sul do Kebnekaise foi a mais baixa já registrada: 24 metros a menos do que na década de 1960. “Quase todo o encolhimento ocorreu nas últimas duas décadas, quando a geleira perdeu uma média de um metro por ano”, disse ela.

Tendência estabelecida

Como o gelo e a neve vão cair sobre a geleira no próximo inverno, o pico sul poderá recuperar brevemente seu ranking, disse Rosqvist. “Vai continuar mudando por um tempo”, disse ela. “Mas a tendência agora está firmemente estabelecida e muito clara.”

Maio e julho foram os meses mais quentes na Suécia em 2018, com temperaturas subindo mais de 10 °C acima do normal. Incêndios florestais na região ártica também ajudaram a geleira Kebnekaise a diminuir quase quatro metros.

Este julho não foi tão quente, e o mês até começou excepcionalmente frio. Mas a vila de Markusvinsa, no extremo norte do país, registrou 34,8 °C em 26 de julho, a temperatura mais alta já registrada ao norte do Círculo Ártico na Suécia.

Segundo Rosqvist, pequenas geleiras como a do pico sul de Kebnekaise foram particularmente afetadas pelos verões quentes. O crescimento das geleiras se deve muito mais a verões frescos do que a invernos particularmente rigorosos, disse ela. Mas os dois últimos verões escandinavos fizeram com que a neve e o gelo derretessem rapidamente. “Você pode ver isso no topo, onde [o pico] está mais exposto ao sol. Realmente parece diferente. Fica escorregadio lá em cima; você pode ver a água derretida escorrendo.”