A segurança extra que os pneus cravejados oferecem no gelo e na neve fazem deles uma opção muito escolhida entre os motoristas dos países de clima frio. 60% dos suecos usam esse tipo de pneu, de acordo com a Administração de Transportes da Suécia, Trafikverket. Mas uma nova pesquisa da Chalmers University of Technology, na Suécia, diz que eles realmente custam mais vidas do que salvam, e por razões que não ser imediatamente evidentes. O estudo foi publicado no Jornal Internacional de Pesquisa Ambiental e Saúde Pública.

A principal razão para isso são as emissões causadas pelos danos dos rebites às estradas asfaltadas. Isso porque o atrito gera partículas minúsculas lançadas no ar que, principalmente as PM10, que têm um diâmetro entre 2,5 e 10 micrômetros. Quando suspensas no ar elas podem causar doenças respiratórias, ataques cardíacos e até mesmo mutações no DNA. São consideradas um carcinogênico do Grupo 1 pela Organização Mundial de Saúde e pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer.

O impacto dessas emissões supera os benefícios do uso em si. Os pesquisadores não se basearam no número de mortes ocorridas e evitadas devido a pneus cravejados, mas sim nos anos de vida perdidos ou salvos. Calcula-se que salvem entre 60 e 770 anos de vida na Suécia, mas o custo de seu uso é de 570 a 2.200 anos de vida.

Efeitos da produção
Os pesquisadores também levaram em conta as emissões causadas pela produção de pneus cravejados versus pneus não cravejados. E ainda avaliaram a mineração de cobalto, que é usado nos rebites. A fonte mais abundante de cobalto é a República Democrática do Congo (DMR), onde acidentes na indústria de mineração de pequena escala não são incomuns, mas costumam ser subinformados.

Levando tudo em conta, entre 23 e 33% dos efeitos negativos dos pneus cravejados são sentidos fora dos países onde seus benefícios são sentidos. Mas os benefícios são poucos, se realmente há algum. Já que a mineração de cobalto também contribui para o conflito na região, que é outro fator que os pesquisadores consideraram. E os impactos positivos da riqueza fluindo para a DMR são dificultados pelo fato de que essa riqueza não está bem distribuída – em parte, devido à corrupção.

Os pesquisadores sugerem que dirigir com cuidado, escolhendo pneus de inverno bons e não cravejados, carros e, quando possível, usando outros meios de transporte, são boas alternativas para os pneus cravejados.