A cada ano, os cientistas calculam que cerca de 180 milhões de toneladas de poeira deixam o deserto do Saara, varridos por ventos e tempestades, e chegam ao Oceano Atlântico e às Américas. Entre 22 e 29 de março, as lentes do Visible Infrared Imaging Radiometer Suite (VIIRS), sensor a bordo do satélite Suomi NPP, da Nasa, a agência espacial americana, captaram uma dessas ocasiões em que uma grande quantidade de poeira saariana viaja rumo ao ocidente, impulsionada por fortes ventos no norte e no oeste da África.

A princípio, as tempestades de poeira têm consequências ruins: concentradas perto do solo, essas partículas podem causar distúrbios respiratórios, reduzem a visibilidade e provocam outros problemas de saúde e segurança. Já a viagem a grandes distâncias mostra seu lado benéfico: o pó do deserto serve como fertilizante natural para plantas e florestas. Na floresta amazônica, por exemplo, a poeira saariana é fonte de uma quantidade considerável de nutrientes; no Atlântico, ela colabora para a proliferação de fitoplâncton. A chegada da primavera no hemisfério norte é propícia para esse tipo de fenômeno climático, mas observadores do clima dessa região do planeta consideraram as tempestades do final de março especialmente intensas.