Fósseis de dentes de uma espécie de primata pré-histórico, Microsyops latidens, que datam do Eoceno Inferior (cerca de 54 milhões de anos atrás) exibem as primeiras evidências conhecidas de cárie dentária em mamíferos. O estudo, de Keegan Selig e Mary Silcox, da Universidade de Toronto em Scarborough (Canadá), foi publicado na revista Scientific Reports.

De 1.030 fósseis dentais individuais (dentes e cortes da mandíbula) descobertos na Bacia de Southern Bighorn (Wyoming, EUA), 77 (7,48%) apresentaram cárie dentária. Ela provavelmente foi causada por uma dieta rica em frutas ou outros alimentos ricos em açúcar. Mudanças na prevalência de cáries ao longo do tempo indicam que a dieta dos primatas oscilou entre alimentos com maior e menor teor de açúcar.

Selig e Silcox compararam a posição dos fósseis em estratos de sedimentos da Bacia de Southern Bighorn para determinar sua idade. Os fósseis podem ser datados com base na idade geológica do sedimento em que foram encontrados.

Climas variáveis

Os pesquisadores descobriram que os espécimes mais antigos e mais recentes tinham menos cáries em comparação com o resto da amostra, o que pode indicar que a dieta dos primatas oscilava entre os alimentos com maior e menor teor de açúcar. Segundo Selig e Silcox, os climas variáveis durante o início do Eoceno podem ter impactado o crescimento da vegetação e a disponibilidade de alimentos.

Os autores também descobriram que havia uma maior prevalência de cárie nos fósseis de Microsyops latidens em comparação com as frequências relatadas em estudos de primatas vivos hoje. Apenas os gêneros Cebus (como os macacos-pregos) e Saguinus (como os micos) apresentaram maior prevalência de cárie do que Microsyops latidens.