Para uma revista mensal, atingir 500 edições é uma proeza notável. São quase 42 anos, de 1972 até hoje. Contam-se nos dedos as publicações que chegaram lá: Manequim, Quatro Rodas, Claudia e Contigo. PLANETA agora se junta a elas, num fenômeno editorial tão inesperado quanto fascinante.

“Lembro-me bem de quando Luis Carta (que, com Domingo Alzugaray, fundou a Editora Três) me convidou para fazer a PLANETA”, conta o escritor Ignácio de Loyola Brandão, o primeiro diretor de redação. “Era uma revista conhecida apenas por uma elite curiosa que tinha lido o livro O Despertar dos Mágicos, de Louis Pauwels e Jacques Bergier, fundadores da Planète original. Aceitei na hora. Conhecia a revista, ia todos  os meses buscá-la na Livraria Francesa, na rua Barão de Itapetininga.”

Loyola trocou a consagrada Claudia por uma incógnita editorial. Na época, dispunha do vasto acervo de Planète, mas tinha de procurar autores no Brasil especializados nos assuntos tratados. Para sua surpresa, encontrou vários. Surpreendente também foi a vendagem: os 20 mil exemplares do primeiro número esgotaramse nas bancas, assim como os 30 mil do segundo e os 40 mil do terceiro. Na quarta edição, chegou- se a uma tiragem adequada – 120 mil exemplares, uma marca excepcional, tratando-se de uma revista cujo formato quadrado era o menor de seus diferenciais. 

Lastreada em um vasto leque de assuntos e em leitores ávidos por conhecê-los, PLANETA seguiu adiante. Em 1977, mudou o formato para o atual, dois anos após Luis Pellegrini assumir o comando da redação. Pellegrini ficou até 1980, sendo sucedido por Edenilton Lampião (1980- 83), Eduardo Araia (1983-2000), Fátima Afonso (2000-04), novamente Pellegrini (2004-10) e, desde 2011, Ricardo Arnt. Ao longo deste período, a revista consolidouse pelo rigor e pela ausência de preconceitos com que encara sua por vezes elusiva temática.

Para muitos, a revista era tida como esotérica, mas sua proposta sempre foi muito mais ampla. Ela surgiu sob o signo do inconformismo, sentimento que, ressaltado nos inquietos e insatisfeitos com as respostas convencionais, esteve em sintonia durante anos com a busca de novas percepções e hoje está mais próximo da ecologia e das disciplinas afins. “É na ecologia – e não apenas a da Terra, mas também a do homem e da sociedade – que se aglutinam e concentram hoje todos os conhecimentos do passado, do presente e do futuro, todas as preocupações voltadas à sobrevivência do homem e da própria vida na superfície da Terra”, diz Pellegrini.

Quarentona enxuta, PLANETA segue jovem de espírito e afinada com o seu tempo. Pronta para outros 500, 5 mil, 50 mil números. Porque, como lembra Pellegrini, “o inconformismo não tem data de  nascimento e, desde a aurora dos tempos, parece fazer parte da natureza de alguns homens e mulheres”.