O primeiro voo experimental na mais longa rota aérea comercial sem escalas do mundo – Nova York–Sydney, da companhia australiana Qantas –, realizado no último fim de semana, foi um sucesso indiscutível, segundo o jornal “The Guardian”. O voo Qantas QF7879 decolou da metrópole americana às 21h07 de sexta-feira e pousou na maior cidade australiana às 7h43 de domingo, depois de 19 horas e 16 minutos no ar e 16.200 quilômetros percorridos.

Como medida de comparação, o voo QF7879 pousou em Sydney alguns minutos antes do serviço regular QF12. Este último, que faz a mesma rota, com escala em Los Angeles, decolou de Nova York três horas antes do QF7879.

Por questão de peso (a quantidade de combustível era prioritária na experiência), apenas 49 pessoas estavam a bordo do Boeing Dreamliner (o maior avião comercial existente no mercado) usado no QF7879. Entre elas havia seis pilotos, seis membros da tripulação de cabine, incluindo um chef, alguns repórteres, seis passageiros frequentes e o executivo-chefe da companhia aérea, Alan Joyce. Houve limitações também quanto às bagagens e aos itens de bar disponíveis. Todos os passageiros viajaram de classe executiva.

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As 101 toneladas de querosene de aviação colocadas no Boeing representaram quase 50% do peso total do avião na decolagem. Segundo um porta-voz da Qantas, não se sabe exatamente quanto dióxido de carbono o voo criou, mas ele garantiu que todas as emissões de carbono seriam compensadas. Ele acrescentou ainda que a pegada de carbono do voo direto seria menor do que a criada em uma viagem com uma escala, já que a maior parte da energia usada no voo está na decolagem.

Exames médicos

Os passageiros que embarcaram em Nova York foram instruídos a redefinir seus relógios para o horário de Sydney assim que entraram no avião, e as luzes internas ficaram acesas por seis horas para mantê-los acordados. Foram servidos uma sopa picante e almoço de peixe, projetados para mantê-los acordados durante mais para reduzir o Jet lag. Segundo o chef, as refeições servidas no voo foram preparadas por três dias.

Enquanto o avião sobrevoava Las Vegas, os passageiros foram levados da classe executiva para a econômica ao ritmo da “Macarena”, a fim de facilitar a circulação no corpo.

Pilotos, passageiros e tripulantes foram submetidos a uma bateria de verificações de saúde e bem-estar. Todos os membros da tripulação usaram monitores de atividades e preencheram diários de sono e registros de alerta durante o voo e nas duas semanas anteriores. Câmeras foram montadas na cabine de comando para “registrar sinais de alerta e atividades operacionais” e os pilotos foram submetidos a eletroencefalogramas para monitoramento em relação a estados de vigília e de sono.

Desafios extras

Ao aterrissar em Sydney, Alan Joyce declarou: “Esta é realmente uma primeira vez significativa para a aviação. Felizmente, é uma prévia de um serviço regular que irá acelerar a maneira como as pessoas viajam de um lado do globo para o outro. Sabemos que os voos de longo curso representam alguns desafios extras, mas isso acontece sempre que a tecnologia nos permite voar mais longe. A pesquisa que estamos fazendo deve nos dar melhores estratégias para melhorar o conforto e o bem-estar ao longo do caminho.”

A Qantas pretende fazer outros dois voos de teste na mesma rota para explorar os aspectos práticos da aviação comercial de distância ultralonga, envolvendo seus efeitos físicos e mentais nos passageiros, como parte do seu Projeto Sunrise. Em novembro, a companhia australiana testará um voo direto de Londres para Sydney, que passará a ser o novo recorde de distância (17.000 km) e duração (cerca de 19,5 horas).