Classificar pessoas, departamentos ou organizações com base em seu desempenho pode não ser tão útil quanto parece, afirmam pesquisadores internacionais. Em estudo publicado na revista “Royal Society Open Science”, eles dizem que quanto mais atenção se dá a essas classificações, menos elas refletem as habilidades reais dos indivíduos que se submetem a elas.

Segundo os pesquisadores, liderados por Giacomo Livan, do University College de Londres (UCL), isso ocorre porque tais rankings estimulam naturalmente a imitação dos melhores desempenhos. Tal formato dá aos que estão no topo a vantagem – mas a melhor estratégia para alcançar o sucesso é tentar coisas novas. Em resumo, essas classificações se afastam da meritocracia que supostamente deveriam consagrar.

Livan criou um modelo numérico para representar uma sociedade na qual as pessoas procuram escalar um ranking imitando as ações dos melhores desempenhos ou tentando aleatoriamente diferentes ações. O modelo revelou que imitar os melhores desempenhos aumenta o bem-estar da sociedade em geral, mas gera mais desigualdade.

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Estratégia autodestrutiva

Segundo Livan, imitar os melhores desempenhos é uma estratégia autodestrutiva que acaba por consolidar a vantagem inicial de alguns vencedores sortudos (e não necessariamente talentosos). O resultado é a formação (e a perpetuação) de uma sociedade muito desigual, homogeneizada e efetivamente não meritocrática.

Já as ações inovadoras, associadas ao acaso, favorecem os resultados meritocráticos e evitam o congelamento dessas classificações, afirma Livan.

“A força do modelo reside precisamente na clareza e simplicidade das suposições feitas, e no fato de que elas são suficientes para gerar dinâmicas ricas que se assemelham qualitativamente às observações do mundo real”, diz Livan. “Esperamos que o modelo apresentado neste artigo contribua para refletir sobre a importância que coletivamente atribuímos às classificações e sobre as conseqüências não intencionais que elas possam ter em nossas sociedades.”