Inofensivo à primeira vista, o rato-de-crista-africano (Lophiomys imhausi) guarda em sua pelagem uma ameaça letal. Quando encurralado por hienas e cães selvagens, eriça os pelos do dorso e passa a exibir entre o emaranhado de fios um veneno poderoso o suficiente para derrubar um elefante ou, dependendo da dose, matar um ser humano.

O grupo coordenado pela ecóloga Sara Weinstein, da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, acompanhou o comportamento de 25 ratos-de-crista-africanos por meio de câmeras ocultas em florestas da região central do Quênia, na África. Os pesquisadores registraram vários desses roedores mordiscando os galhos da árvore Acokanthera schimperi, que contêm compostos altamente tóxicos (“Journal of Mammalogy”, 17 de novembro). Após mastigarem pedaços da planta, os animais os espalhavam sobre a pelagem, criando uma espécie de armadura química contra predadores.

Esses ratos são os únicos roedores tóxicos conhecidos e um dos poucos mamíferos que usam venenos de plantas para se proteger de outros animais.