Um levantamento inédito da organização sem fins lucrativos Botanical Gardens Conservation International (BGCI, na sigla em inglês), publicado em abril na revista Journal of Sustainable Forestry, colocou o Brasil no topo da lista de países com a maior diversidade de árvores no planeta. Aqui se encontram 8.715 espécies diferentes, 14,5% das 60.065 existentes na Terra. Em seguida, a uma boa distância, vêm outros dois países tropicais, a Colômbia (5.776 espécies) e a Indonésia (5.142).

O estudo, feito ao longo de dois anos pela BGCI com base na digitalização das informações de sua rede­ de 500 jardins botânicos ao redor do mundo, foi montado a partir de 375,5 mil registros. Seus autores consideram que, com ele, será mais fácil identificar ­espécies raras e ameaçadas e, dessa maneira, prevenir sua extinção. Já estão em uma lista de alerta 300 árvores que têm menos de 50 exemplares na natureza. Um desses casos é o da Karoma gigas, encontrada em uma região isolada da Tanzânia.

No fim do ano passado, cientistas localizaram apenas um pequeno grupo delas, composto por seis exemplares. Eles convenceram moradores da área a vigiá-las e a informá-los se as árvores produzem sementes. Caso isso aconteça, as sementes poderão ser levadas para jardins botânicos tanzanianos, o que abre um caminho para sua reintrodução na natureza.

O estudo revelou ainda que 58% das espécies são encontradas em apenas um país, como se fossem uma exclusividade nacional. Isso as torna mais vulneráveis a mudanças climáticas e a atividades humanas predatórias, como desmatamentos. A BGCI calcula que o número de árvores da lista aumentará, uma vez que cerca de 2 mil desses organismos, em média, são descritos a cada ano. Sempre que for descoberta uma nova espécie, ela será incorporada à GlobalTreeSearch, uma base de dados online criada a partir do levantamento divulgado em abril.

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