A Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgou ontem (25 de junho) um novo recorde de distância percorrida por um relâmpago: pouco mais de 700 quilômetros. O fenômeno ocorreu no sul do Brasil, em 31 de outubro de 2018. A distância observada é um pouco maior que a existente entre São Paulo e Florianópolis. O recorde anterior ficou muito para trás: era de 321 km, observado em 20 de junho de 2007, no estado americano de Oklahoma.

A agência meteorológica da ONU anunciou na mesma ocasião o relâmpago com maior duração contínua já registrado: 16,73 segundos, segundo observação feita no norte da Argentina em 4 de março de 2019. Também nesse caso, o recorde anterior foi pulverizado: era de 7,74 segundos e foi observado em 30 de agosto de 2012, no sul da França.

Os novos recordes, capturados pela União Geofísica Americana antes do Dia Internacional da Segurança contra Relâmpagos (28 de junho), foram registrados por equipamentos transportados nos Satélites Ambientais Operacionais Geoestacionários e por seus homólogos orbitais da Europa e China.

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Registro da extensão percorrida pelo relâmpago brasileiro, em imagem da OMM

Os registros foram descritos pelo professor Randall Cerveny, relator chefe da área de Tempo e Extremos Climáticos da OMM, como “extraordinários”. “Extremos ambientais são medições vivas do que a natureza é capaz, além de progresso científico em poder fazer essas avaliações”, ele declarou. “É provável que ainda existam extremos ainda maiores e que possamos observá-los à medida que a tecnologia de detecção de raios melhorar.”

Informações valiosas

Segundo Cerveny, a tecnologia pode ajudar os cientistas a entender melhor toda a ciência dos raios e potencialmente salvar vidas. “Isso fornecerá informações valiosas para estabelecer limites à escala do raio – incluindo megarrelâmpagos – para questões de engenharia, segurança e científicas”, afirmou.

No anúncio dos novos recordes, a OMM reiterou os perigos dos raios e as muitas vidas que eles reivindicam todos os anos. Exemplos extremos anteriores levaram a uma grande perda de vidas. Em 1975, por exemplo, 21 pessoas foram mortas no Zimbábue quando um único relâmpago atingiu a cabana em que estavam abrigadas. Em 1994, 469 pessoas foram mortas em Dronka, no Egito, quando um raio atingiu um conjunto de tanques de petróleo e causou a queima do combustível na cidade.

O conselho oficial da agência é seguir a regra 30 x 30: se o tempo entre o relâmpago e o trovão for menor que 30 segundos, permaneça dentro de casa ou de uma construção e aguarde 30 minutos após o último relâmpago observado para retomar as atividades ao ar livre.