A relação de relâmpagos notáveis, que tem um caso brasileiro incluído, aumentou mais com a recente certificação de duas ocorrências feita pela Organização Meteorológica Mundial (OMM). Na primeira delas, em 29 de abril de 2020, o raio percorreu 768 quilômetros (aproximadamente a distância entre São Paulo e Lages, em Santa Catarina) entre o Texas e o Mississippi, nos Estados Unidos. Na segunda, o destaque foi o tempo: em 18 de junho de 2020, um relâmpago registrado no Uruguai e no norte da Argentina durou 17,1 segundos, superando o recorde anterior de 16,7 segundos de um raio que também havia caído na Argentina.

Os dois casos são abordados em detalhes no Bulletin of the American Meteorological Society.

Os sucessivos recordes registrados nos últimos anos estão diretamente relacionados à introdução, em 2017, de Mapeadores Geoestacionários de Raios (Geostationary Lightning Mappers, ou GLMs) a bordo de satélites. Com isso, ficou possível monitorar eventos climáticos extremos em todo o hemisfério ocidental, coletando dados sobre, por exemplo, a extensão e a duração dos raios.

Registro robusto

“O relâmpago é um fenômeno natural surpreendentemente elusivo e complexo pelo impacto que tem em nossas vidas diárias”, disse o autor principal e membro do comitê de avaliação Michael J. Peterson, do Grupo de Sensoriamento Espacial e Remoto (ISR-2) do Laboratório Nacional de Los Alamos (EUA), em comunicado.

“Estamos agora em um lugar onde temos excelentes medições de suas muitas facetas, que nos permitem descobrir novos aspectos surpreendentes de seu comportamento. Agora que temos um registro robusto desses relâmpagos monstruosos, podemos começar a entender como eles ocorrem e apreciar o impacto desproporcional que têm.”

O resultado do uso do novo equipamento foi que os recordes de distância e duração quase dobraram de 2017 a 2019, quando o raio então líder em distância chegou a 709 quilômetros.