PANTANAL MATO-GROSSENSE

O Pantanal foi reconhecido como reserva da biosfera mundial pela Unesco em 9 de novembro de 2000. A proposta foi apresentada pelo Ministério do Meio Ambiente e aprovada pela Comissão Internacional do Programa “O Homem e a Biosfera”, na sede da organização, em Paris.

A biosfera é essa estreita faixa de nosso planeta que reúne as condições necessárias para a vida. Com uma espessura de alguns quilômetros nos oceanos e na atmosfera, e uma profundidade de uns poucos metros abaixo do solo, a biosfera é a única parte habitável do planeta. Fora dela, não existe nenhum outro ponto conhecido do universo onde se tenha desenvolvido a vida.

Em outros lugares, a vida só é possível com um apoio tecnológico muito caro, como acontece nas naves ou estações espaciais.

Milhões de anos foram necessários para que a biosfera se formasse e nela pudesse se desenvolver a vida. Mas, sem dúvida, o ser humano, com todo o seu desenvolvimento tecnológico, possui atualmente a capacidade de destruí-la.

Diante da ameaça de desaparecimento acelerado da biodiversidade, cientistas, governos e associações de conservação da natureza criaram uma rede de áreas protegidas chamadas reservas da biosfera. Trata-se de uma medida essencial para conservar a biodiversidade ao máximo, não importa se se trata de genes ou de ecossistemas inteiros. A conservação, com freqüência, só pode acontecer em estreita colaboração com as populações assentadas na região. Elas são, com efeito, as principais usuárias dos recursos naturais da zona. Constituem, também, o fator que mais impacto causa no meio ambiente.

RESERVA DO CERRADO

Depois de ter sofrido todo tipo de alterações, principalmente devido à agricultura, o Cerrado, no Brasil Central, foi reconhecido como reserva da biosfera pela Unesco em 1993. A reserva compreende a área situada no entorno de Brasília.

Em 1970, a Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – lançou o programa “O Homem e a Biosfera” (em inglês, Man and Biosphere, ou MAB). Esse programa tem por objetivo criar as bases científicas que permitam melhorar as relações entre o ser humano e o meio ambiente mediante o uso racional dos recursos naturais e sua conservação. O Programa MAB estuda a interação do ser humano com o meio ambiente em todas as situações climáticas e geográficas, tanto no âmbito local quanto no planetário.

Desde as zonas polares até as intertropicais, das insulares e costeiras até as de alta montanha, ou das pouco populosas até os grandes aglomerados urbanos, todas as regiões do planeta entram no Programa MAB. Além disso, algumas investigações abordam os problemas globais. Por exemplo, estuda-se como administrar ecossistemas que contêm uma combinação recente de espécies naturais e introduzidas e novos ocupantes humanos.

SERRA DO ESPINHAÇO

Em 27 de junho de 2005 foi reconhecida a sétima reserva da biosfera brasileira. Trata-se da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais. A área foi escolhida por ser uma espécie de divisor de águas de extrema importância do Brasil Central, por ter espécies de fauna e flora endêmicas e por ser uma das maiores formações de campos rupestres do território brasileiro.

A criação de uma rede mundial de zonas terrestres ou costeiras, denominada “Rede de Reservas da Biosfera”, é a atividade mais relevante do Programa MAB. As reservas da biosfera se estabelecem nos principais tipos de ecossistemas do planeta com o objetivo de preservar as áreas naturais e os recursos genéticos que elas contêm. As reservas da biosfera podem ser criadas de modo que as áreas protegidas existentes, como os parques ou as reservas naturais, constituam seu núcleo ou parte central. A evolução dos ecossistemas e o impacto que as atividades humanas exercem sobre eles são elementos essenciais dessas zonas.

As reservas da biosfera possuem três funções fundamentais: a conservação da biodiversidade, o desenvolvimento econômico e social e o apoio logístico. Essas três funções são complementares e interdependentes.

CAATINGA

A Caatinga (“mata branca”, em tupi-guarani) está na Região Nordeste, entre os biomas Mata Atlântica e Cerrado. É uma savana/estepe com fisionomia de deserto, caracterizada pelo clima semi-árido com chuvas escassas e irregulares, solos férteis e vegetação aparentemente seca. Abrange cerca de 850 mil km2, dos quais 200 mil km2 foram reconhecidos em 2001 como reserva da biosfera. Situado nesse bioma, o Parque Nacional da Serra da Capivara foi declarado Patrimônio Mundial pela Unesco em 1991.

A conservação consiste em preservar a flora e a fauna da Terra e seus ecossistemas e contribuir, assim, para o esforço global que se faz nesse sentido. O desenvolvimento aponta para um progresso econômico e social que não destrua os recursos naturais e se adapte à cultura e às tradições das comunidades locais. O apoio logístico corresponde a um papel duplo que as reservas da biosfera cumprem, por um lado como “laboratórios a céu aberto” para a pesquisa científica e para inventariar a diversidade biológica e, por outro lado, como “aulas ao ar livre” nas quais ensina-se e sensibiliza-se a população sobre os problemas do meio ambiente e do desenvolvimento.

Essas funções devem ser cumpridas por todas as reservas da biosfera. Para tanto, estas são muito mais que simples refúgios ou lugares de proteção da flora e da fauna, ou um centro de criação de novos empregos ou estações de pesquisa científica. Elas são as três coisas ao mesmo tempo e, além disso, formam parte de uma rede mundial na qual podem intercambiar informações e experiências.

FLORESTA AMAZÔNICA

Maior floresta pluvial do mundo, a Floresta Amazônica abrange cerca de 4 milhões de km2 (50% do território brasileiro), dos quais 200 mil km2 foram reconhecidos em 2001 como reserva da biosfera. O Complexo da Amazônia Central (60 mil km2), incluindo o Parque Nacional do Jaú (22 mil km2), foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 2000.

O conceito de reserva da biosfera serviu de base para a formulação de um outro conceito fundamental, o do “desenvolvimento sustentável”. Isso aconteceu na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, celebrada no Rio de Janeiro em 1992. Nesse evento, as autoridades máximas do planeta decidiram promover o desenvolvimento sustentável em toda a extensão do globo. Posteriormente, na Conferência Internacional de Reservas da Biosfera, realizada em Sevilha (Espanha) em 1995, confirmou-se o papel primordial dessas áreas como sítios de experimentação do desenvolvimento sustentável.

Nosso planeta não possui recursos naturais em quantidades infinitas. Até cerca de 200 anos atrás, a utilização desses recursos por parte do ser humano nunca excedeu a capacidade da Terra para renová-los. Hoje, a população mundial chega a 6 bilhões de habitantes e continua aumentando. Existe o risco real de que os recursos disponíveis para cada indivíduo já não sejam suficientes no futuro relativamente próximo. Os efeitos da superexploração e do desperdício se fazem sentir atualmente em todo o mundo na forma de mudanças climáticas catastróficas, contaminação dos oceanos e dos rios e perdas dramáticas de biodiversidade. As populações pobres dos países menos avançados são as primeiras e maiores vítimas.

CINTURÃO VERDE DA CIDADE DE SÃO PAULO

Essa reserva da biosfera circunda a região metropolitana de São Paulo, com seus 39 municípios, cobrindo uma área de 805.300 hectares e abrigando 16 milhões de habitantes.

O desenvolvimento sustentável consiste em utilizar recursos naturais de maneira inteligente e responsável, sem impedir que as populações melhorem o seu nível de vida, mas encontrando um equilíbrio entre as exigências sociais, materiais e ambientais, a fim de alcançar uma qualidade de vida melhor para todos. O desenvolvimento sustentável significa reciclar, evitar o desperdício, utilizar as fontes de energia renováveis, reduzir ao mínimo a poluição. Significa ainda pensar no bem comum e não apenas no benefício pessoal e refletir a respeito das conseqüências das decisões tomadas hoje sobre as gerações que virão a seguir.

Sem dúvida, a transição para o desenvolvimento sustentável não é uma tarefa fácil. Exige, efetivamente, uma tomada de consciência e uma firme vontade coletiva de mudança de certos aspectos do modelo não sustentável de desenvolvimento da atualidade.

As reservas da biosfera formam uma rede mundial que facilita o intercâmbio de informação sobre a gestão e a conservação dos ecossistemas naturais e utilizados pelo ser humano.

Desde que foram estabelecidas as primeiras reservas da biosfera, em 1976, a rede mundial não parou de ser ampliada. Do parque nacional de Yellowstone (Estados Unidos), que está na lista das reservas da biosfera desde 1976, até a recentemente inscrita reserva Rostovsky (Rússia), a rede global dessas zonas conta hoje com 531 áreas, localizadas em 105 países. A relação completa inclui zonas áridas e semi-áridas, pantanais, manguezais, tundras, picos nevados e parques marinhos. No Brasil existem, hoje, sete reservas da biosfera: Mata Atlântica, Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, Cerrado, Pantanal, Caatinga, Floresta Amazônica e a Serra do Espinhaço.

MATA ATLÂNTICA

A reserva da biosfera da Mata Atlântica, no Brasil, é um santuário para uma das coleções de plantas e animais mais importantes do planeta. Como exemplo, num só hectare de mata no sul da Bahia podem ser encontradas mais de 450 espécies de árvores.