Pesquisadores do Conselho do Condado de Innlandet e do Museu da Universidade NTNU (Noruega) e da Universidade de Cambridge (Reino Unido) encontraram uma grande quantidade de artefatos da era viking em um pequeno desfiladeiro no sul da Noruega. Em artigo publicado na revista “Antiquity” e abordado no site Phys.org, o grupo descreve a localização do desfiladeiro, explica por que ele de repente está deixando objetos à mostra e descreve o que foi achado até agora.

A garganta foi encontrada em 2011 em Lomseggen Ridge, perto de uma área em que geleira Lendbreen recuou. Pesquisas anteriores sugeriram que os artefatos estavam aparecendo em consequência da retração da geleira causada pelo aquecimento global. A equipe percorreu a área entre 2011 e 2015.

Entre os artefatos descobertos nessas visitas, 60 foram datados entre os anos 300 d.C. e 1000. A análise dos objetos sugeriu que dois tipos de pessoas transitavam pelo desfiladeiro: moradores e viajantes de longa distância. Os pesquisadores consideram que os moradores locais usavam a garganta para viajar entre as casas de verão e inverno.

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Alguns dos artefatos também sugeriram que o desfiladeiro era usado principalmente durante os períodos em que estava coberto de neve – o terreno muito rochoso teria dificultado caminhar ou andar a cavalo. A neve teria suavizado a trilha, tornando a travessia menos difícil.

Alto, esquerda: espécie de pinça (grampo para segurar forragens em um trenó ou carroça) datado da Idade do Ferro Romana; direita: objeto semelhante sem data, também da área do desfiladeiro; baixo, esquerda: exemplo histórico desse tipo de objeto em Uppigard Garmo, pré-datado de c. 1950 (fotografias: Glacier Archaeology Program & R. Marstein). Crédito: “Antiquity” (2020). DOI: 10.15184 / aqy.2020.2
Função perdida

Foram encontrados itens como túnicas e luvas, além de acessórios para cavalos, como ferraduras e freios. Os pesquisadores também acharam restos de trenós e, em um caso, vestígios de um cachorro com coleira e trela. Até o momento, não foram localizados restos humanos na área, e tais achados parecem improváveis ​​devido à curta (700 metros) extensão do desfiladeiro.

Os pesquisadores também encontraram vários montes de pedras ao longo da passagem. As rochas estavam empilhadas de forma a indicar aos viajantes o caminho mais fácil. Também foi localizado um pequeno abrigo, provavelmente para viajantes que de súbito tinham de enfrentar uma tempestade de neve.

O desfiladeiro teria perdido sua função por volta do século 14, com a mudança das condições econômicas locais em meio a invernos mais frios. Depois, a peste bubônica limitou o número de viagens, o que terminou por relegar a passagem ao esquecimento.