Cientista climático Carlos Nobre é um dos principais defensores da teoria de que o rápido desmatamento da Amazônia pode levâ-la a sua “savanização”. Antes dele, único brasileiro a integrar a academia foi Dom Pedro II.A Royal Society, de Londres, elegeu o cientista climático Carlos Nobre como seu primeiro membro brasileiro desde que o imperador Dom Pedro II se juntou ao grupo, em 1871.

Nobre é cientista climático há mais de 40 anos e estuda a Amazônia há décadas. Ele foi um dos primeiros defensores da teoria de que o rápido desmatamento está levando a maior floresta tropical do mundo a um ponto de inflexão, que pode levar a sua “savanização”.

“A Royal Society está dando reconhecimento internacional aos riscos que a Amazônia enfrenta”, disse Nobre à agência de notícias Reuters nesta sexta-feira (13/05). “É um risco enorme perdermos a maior biodiversidade e a maior floresta tropical do planeta”, acrescentou.

A preservação da floresta amazônica é vital para conter as mudanças climáticas porque ela absorve uma grande quantidade de dióxido de carbono.

No ano passado, Nobre liderou um grupo de cerca de 200 pesquisadores que lançou um relatório histórico com a análise mais detalhada e completa até hoje do conhecimento científico sobre a floresta amazônica.Fundada em 1660, a instituição britânica é uma das mais antigas e prestigiadas sociedades científicas do mundo.

Caminhos para a sustentabilidade

Nobre é pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP), diretor científico do Instituto de Estudos Climáticos da Universidade Federal do Espírito Santo e diretor da Amazon Third Way Initiative/Projeto Amazônia 4.0, que busca a construção de fábricas portáteis e altamente tecnológicas para aprimorar as cadeias produtivas na região de forma sustentável, tanto para a floresta, quanto para as comunidades locais.

Ao site da USP, Nobre disse que acredita que sua eleição também mostra um reconhecimento da importância que a ciência tem de reconduzir o Brasil para caminhos de sustentabilidade. “Não que estejamos vencendo esta guerra; está muito difícil. Mas é o papel da ciência, de expor todos os riscos que corremos com o desaparecimento das florestas, dos biomas brasileiros, com o aumento dos extremos climáticos e das queimadas. Tudo isso temos alertado, por décadas”, afirmou ao site da universidade.

Além dele, o único brasileiro a figurar na Royal Society era o imperador do Brasil Dom Pedro II, que integrou a lista não como cientista, mas como membro da realeza.

O prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina Peter Medawar, biólogo britânico nascido no Brasil, também foi um membro da Royal Society. No entanto, Medawar, que morreu em 1987, abriu mão de sua cidadania brasileira ainda na adolescência.

le (Reuters, ots)