Lei assinada por Putin foi apresentada como forma de recrutar “especialistas”. Kremlin tem evitado divulgar dados atualizados de baixas militares na guerra na Ucrânia.O presidente da Rússia, Vladimir Putin, sancionou neste sábado (28/05) uma lei que acaba com o limite de idade para servir nas Forças Armadas do país. A medida foi tomada na mesma semana em que a Rússia realiza novas ofensiva militares no leste da Ucrânia.

A nova lei tinha sido aprovada pelas duas câmaras do Parlamento russo no início desta semana.

Os autores do projeto, do partido governamental Rússia Unida, apresentaram a medida como uma forma de recrutar “especialistas altamente qualificados”, cuja idade geralmente gira em torno de 40 a 45 anos de idade.

Até a apresentação da nova lei, o limite de idade para assinar um primeiro contrato com as Forças Armadas da Rússia era de 18 a 40 anos para cidadãos do país, e de 18 a 30 anos para os estrangeiros.

Segundo os deputados russos, há especialistas interessados em participar na campanha militar na Ucrânia, mas até agora não podiam ser chamados porque o limite anterior não o permitia.

Alguns meios de comunicação social da Rússia noticiaram que a nova lei permitirá que os russos possam servir no exército até aos 65 anos. Médicos, engenheiros e especialistas em comunicação também poderão ser recrutados dessa forma.

Especialistas militares ucranianos e ocidentais afirmam que a Rússia vem sofrendo perdas pesadas na guerra da Ucrânia. Kiev diz que os russos acumulam cerca de 30.000 mortos, mas a inteligência militar do governo do Reino Unido estima 15.000 russos mortos desde o início da guerra, em 24 de fevereiro. Para efeito de comparação, a União Soviética, em nove anos de guerra no Afeganistão, perdeu 15.000 militares antes de se retirar do país.

A Rússia se limitou a informar um total de 1.351 mortos num comunicado divulgado no final de março. Moscou evitou divulgar números atualizados depois dessa data.

Os russos também enviaram recrutas para a Ucrânia, após afirmarem inicialmente que não enviariam jovens que cumprem serviço militar para o teatro de operações.

Mas em março o Ministério da Defesa da Rússia admitiu que alguns recrutas estavam envolvidos no conflito. Alguns também foram tomados como prisioneiros pelas forças ucranianas.

A Rússia conta atualmente com mais de 400.000 soldados profissionais em suas forças armadas, que no total somam mais de 900.000 homens.

O exército da Ucrânia, por sua vez, é menor – tem cerca de 200.000 soldados ativos e 900.000 reservistas, embora esses números venham aumentando através da mobilização em massa desde que a Rússia lançou sua guerra de agressão contra o país.

jps (EFE, Lusa, AFP, ots)