Como funciona contra a ômicron a vacinação de reforço?

Após a imunização básica – ou seja, duas doses ou, no caso da vacina da Janssen, uma -, a proteção contra a infecção pela variante ômicron do coronavírus diminui muito rapidamente, explica Sebastian Ulbert, especialista em vacinas do Instituto Fraunhofer de Terapia Celular e Imunologia, da Alemanha.

O reforço melhora significativamente essa proteção, pelo menos na primeira vez após a vacinação convencional, porque mais anticorpos são produzidos.

Segundo o virologista Christian Drosten, do Hospital Charité, de Berlim, dados de um estudo dinamarquês mostram que a terceira dose reduziu bastante o risco de infecção pela ômicron e fez a diferença no atual controle da disseminação.

Por outro lado, a imunização básica ainda é muito importante para proteger contra casos graves, diz Ulbert.

O imunologista Carsten Watzl chama atenção para um relatório da autoridade de saúde britânica UKHSA sobre a eficácia da vacinação contra um curso grave com a ômicron, que leva à hospitalização. De acordo com o estudo, a proteção até seis meses após a segunda dose é de cerca de 72%. Após o reforço, porém, sobre para até cerca de 88%.

Quanto tempo dura a proteção após o reforço?

Ainda não é possível afirmar com segurança quanto tempo a proteção durará em cada caso, frente à ainda recente onda da variante ômicron, diz Ulbert. A vacinação de reforço expande o efeito protetor pelo menos consideravelmente e evoca uma resposta imune aumentada.

Por que a proteção do booster diminui com o tempo?

Mesmo após a vacinação de reforço, a proteção contra infecções diminuirá com o tempo.

“Os muitos anticorpos que você tem após o reforço são perdidos novamente ao longo do tempo. A razão para isso é que o sistema imunológico reage à vacinação como reage a uma infecção e, antes de tudo, produz muitos anticorpos”, explica Watzl.

Em algum momento, no entanto, esses anticorpos não seriam mais necessários, de modo que o número seria significativamente reduzido. Isso aumenta o risco de ser infectado novamente.

O booster é necessário?

De acordo com Watzl, a proteção vacinal ainda é necessária porque o objetivo mais importante é conter a propagação do coronavírus, já que nem todos estão adequadamente protegidos contra eventos graves.

Olhando para o futuro, no entanto, o objetivo principal é proteger contra casos graves da doença – e isso está diminuindo muito mais lentamente.

Reforços regulares podem ser úteis para grupos de risco. No caso de pessoas mais jovens e saudáveis, no entanto, é concebível, no futuro, que as vacinações regulares de reforço não sejam mais necessárias, desde que o vírus não mude significativamente.

Israel já está aplicando a quarta dose em alguns grupos. Segundo dados, o segundo booster elevou novamente os anticorpos. Foi “bom, mas não suficiente”, disse Gili Regev, chefe do estudo.

Logo após a quarta dose, o corpo voltou ao mesmo nível de anticorpos que logo após a terceira – e não é o objetivo vacinar todas as pessoas contra o coronavírus a cada quatro meses.

Para grupos de risco, como idosos, a quarta dose é o caminho certo por enquanto – para o resto da população é questionável.

Por que a vacinação protege menos contra a ômicron do que em relação a outras variantes?

As vacinas parecem proteger menos contra a ômicron do que contra outras variantes, como a delta. Isso é sugerido pelo registro cada vez maior de pessoas com vacinação básica, ou mesmo com o reforço, que contraem a variante.

“As vacinas foram desenvolvidas com base em uma sequência específica da proteína spike que está na superfície do vírus. Entretanto, existem variantes que alteraram a proteína spike em pontos cruciais”, explica o especialista em vacinas Ulbert.

Como resultado, essa variante do vírus não é mais tão bem reconhecida pelo sistema imunológico. Além disso, com variantes mais contagiosas, menos vírus geralmente são necessários para uma infecção.

Como a vacina protege, em geral, contra a ômicron?

Quando se trata de eficácia da vacinação, deve ser feita uma distinção entre proteção contra infecção e proteção contra casos graves da doença, diz Watzl

“A proteção pura contra a infecção com a ômicron sempre será abaixo do ideal com as vacinas atuais”, disse. Mas ele destaca que “as vacinas ainda fazem o que deveriam: protegem contra cursos graves, e atualmente estamos vendo isso com a ômicron”.

Uma análise apresentada recentemente pela autoridade de saúde britânica UKHSA indica que a vacinação de reforço dos idosos também oferece um alto nível de proteção contra casos severos da ômicron. Três meses após a terceira dose, a proteção contra hospitalização para pessoas com 65 anos ou mais é de cerca de 90%. Contra a infecção por coronavírus com sintomas leves, é de 30%, indicam estudos preliminares.

le (dpa, ots)