Os moradores de Milton, uma pequena cidade localizada a noroeste de Glasgow, na Escócia, estão tendo que lidar com uma situação desconcertante e triste: o suposto suicídio de muitos cães. Acontece sempre à luz do dia e no mesmo lugar, a ponte Overtoun, nos arredores da cidade. Os animais de estimação, por alguma razão, sentem o impulso incontrolável de se atirar da estrutura de quinze metros de altura, e muitos morrem.

Os suicídios teriam começado nos anos 1950. Desde então, mais de cinquenta mortes foram registradas e entre 300 e 600 cachorros teriam saltado. Os relatos costumam incluir um momento em que os cães congelam e depois são como que “possuídos” e saem em disparada para o desfiladeiro. Uma reportagem do New York Times, de alguns dias atrás, escutou moradores, especialistas e etologistas (especialistas em comportamento animal) para tentar responder a questão.

Por quê?
A hipótese mais aceita é a seguinte: pequenos mamíferos como o furão ou o vison foram introduzidos na região na década de 1950. Eles frequentam os vales dos rios – entre eles o que passa debaixo da ponte em questão, o Overtoun Burn. Ao caminhar na Overtoun, os cães percebem a presença desses animais pelo cheiro e, por instinto, correm para persegui-los. Como não diferenciam bem as alturas, saltam sem saber as consequências.

A explicação, entretanto, deixa várias perguntas sem resposta. Por que eles só se jogam dali e não de outras pontes na região? Por que sempre do mesmo ponto exato, a meio caminho entre os dois lados da ponte? E por que muitos humanos, incluindo pesquisadores, afirmam perceber um “sentimento estranho” ali?

Diante dessas situações, naturalmente, a comunidade local desenvolveu todo tipo de superstição. Acredita-se que seja amaldiçoada. Um morador extravagante, Paul Owens, já escreveu até um livro no qual ele atribui os suicídios a um fantasma: a “Dama Branca de Overtoun”, uma mulher que morreu em 1908 atormentada pela perda de seu marido.

A ideia de “suicídio” animal é muito discutível. Muitos animais se matam, mas geralmente o fazem como forma de proteger o resto do grupo. Mas neste caso, parece que essa ideia não se aplica. O mistério permanece.