Infecções por superbactérias mataram 1,2 milhão de pessoas em 2019, de acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira (20/01) na revista científica The Lancet.

“Esses novos dados revelam a verdadeira escala da resistência antimicrobiana em todo o mundo e são um sinal claro de que devemos agir agora para combater a ameaça”, diz o pesquisador Chris Murray, da Universidade de Washington, coautor do estudo.

O levantamento descobriu que a resistência antimicrobiana (RAM) ou resistência a antibióticos matou mais pessoas do que HIV e aids ou malária.

Usando dados de 204 países e territórios, os pesquisadores descobriram que infecções bacterianas resistentes a medicamentos causaram diretamente 1,27 milhão de mortes em todo o mundo e foram associadas a 4,95 milhões de outros óbitos.

“As estimativas anteriores previam 10 milhões de mortes anuais por RAM até 2050, mas agora sabemos com certeza que já estamos muito mais próximos desse número do que pensávamos”, afirma Murray.

O impacto da RAM é atualmente mais grave na África Subsaariana e no Sul da Ásia, enquanto cerca de uma em cada cinco mortes ocorre em crianças com menos de cinco anos.

Necessidade de novas medidas

O uso excessivo de antibióticos nos últimos anos levou os microrganismos a evoluir para superbactérias, fazendo com que sejam menos eficazes contra infecções graves.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que nenhum dos 43 antibióticos em desenvolvimento ou medicamentos aprovados recentemente foram suficientes para combater a resistência antimicrobiana.

Das sete bactérias mais mortais resistentes a medicamentos, só há vacinas disponíveis para duas.

“A RAM já é um dos maiores desafios que a humanidade enfrenta. Por trás desses novos números estão famílias e comunidades que sofrem tragicamente o peso da silenciosa pandemia de RAM. Devemos usar esses dados como um sinal de alerta para estimular ações em todos os níveis”, diz a enviada especial do Reino Unido sobre resistência antimicrobiana, Sally Davies.

O relatório destaca a necessidade urgente de se usar melhor os antibióticos e de se fazer mais para monitorar, prevenir e controlar infecções, aumentar os recursos de água potável e saneamento e financiar o desenvolvimento de novos medicamentos.

md (AFP, Reuters)