Desde a década de 70, sustentabilidade é um termo muito discutido, e eu diria que, para muitos, já está batido. Virou assunto chato, estagnado, mal entendido e mal interpretado. Muitas vezes, relacionado a um produto feio, uma falsa estratégia de marketing ou a uma sucata. Mas, calma, vamos reconstruir essa imagem juntos.

O que, afinal, é a sustentabilidade e por que ela importa? Vai mudar a minha vida? Depende. Você gosta de conforto? Gosta da sua empresa, de boa comida, de viajar, de fazer compras? Gosta de estar em um lugar limpo, seguro e planejado com inteligência para que você aproveite todas as comodidades? Hum, então você se importa e esse é o primeiro passo.

Para começar a entender, a base da sustentabilidade pode ser empregada em qualquer situação: cidades, produtos, modelos de gestão, políticas sociais e por aí vai. Ela significa uma medida que, aplicada em qualquer situação, visa ao seu desenvolvimento ao mesmo tempo que conserva recursos. Ou seja, é uma medida para que uma cidade, um empreendimento ou uma empresa, por exemplo, sustente-se.

E para ser sustentável? Tem que ser correto, viável, inteligente e unir harmonicamente desenvolvimento humano e meio ambiente. Desenvolvimento? Pode isso na sustentabilidade, produção? Pode e deve.

Como já dizia a Agenda 21 desde 1992, preservação e desenvolvimento devem andar juntos. Apenas evoluindo é que conseguiremos achar alternativas mais eficientes para produzir e preservar. A segunda opção seria voltar ao tempo das cavernas, o que não é viável e, logo, não é sustentável. Afinal, haja cavernas para todos nós.

Bom, e o que muda? A partir do momento em que você utiliza a inteligência para suprir seus confortos sem estragar recursos, automaticamente começa a aplicar isso em todos os campos da sua vida. Imagine uma cidade sem poluição, muito arborizada, segura, sem lixo, sem enchentes, sem apagões, sem trânsito e por aí vai.

Sonho? Não. Sustentabilidade. E a saúde agradece. Olá, pulmão limpo. Tchau, pele ressecada, tchau, ansiolíticos e uma bela lista de itens para se recompor.

Poxa, mas isso não está longe? Não é apenas para longo prazo? Também não. Claro que o mundo inteiro não muda em um segundo, mas todas as alternativas já estão aí – basta pesquisar, aderir e, claro, exigir. Apenas exigindo é que o mercado muda.

As políticas terão que adotar medidas verdes e saudáveis, as empresas terão de usar sua inteligência para gerar produtos sem destruição e as pessoas só poderão fornecer o que for bem pensado para a outra usufruir. Tchau, produtos ruins. Tchau, serviços sem qualidade. É uma questão de querer e colocar em prática, a-p-e-n-a-s.

Se isso tudo parece difícil, aquela “coisa de cidade europeia longe de nossa realidade”… Surpresa: lá vem o Ceará lançando uma das cidades mais sustentáveis e saudáveis para se viver no mundo. Coleta inteligente, produção de energia limpa, hortas espalhadas, aplicativo em tempo real monitorando a área da cidade e praças com equipamentos esportivos que geram energia conforme você se exercita.

Vamos começar todos?

(*) Mariana Crego, formada pela Faap em arquitetura e urbanismo e pós-graduada na Escola da Cidade, é a terceira profissional no mundo, e a primeira no Brasil, a receber os atestados piloto do processo AQUA-HQE Projetos de Interiores, que promove práticas sustentáveis na construção.